Lula: intriga ou futrica não freiam crescimento

Brasília

– Em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que “não haverá intriga, futrica ou eleição que possa brecar ou frear o desenvolvimento que esse país precisa e que deve ter”. Num duro discurso de demonstração de força do governo neste momento em que a oposição pressiona para que os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cassio Casseb, compareçam ao Congresso, o presidente disse que não há espaço para política pequena no País e que é preciso manter o rumo já conquistado do crescimento econômico.

Em outro recado à oposição, o presidente disse que não se tem o direito, como em outros momentos da história, de destruir o alicerce construído.

“Não temos o direito de desmanchá-lo (o alicerce) a troco de vaidade, de interesses políticos menores e disputas menores. Precisamos de um alicerce de sustentação a uma boa casa, o que significa garantir que o povo seja o herdeiro, e não o governante que exerce o mandato”, discursou. Lula pedu aos empresarios e a todos os brasileiros que adotem um dos lemas de sua campanha eleitoral: “Sou brasileiro e não desisto nunca”. E mais: “Se todos nós formos tomados desse desejo, certamente não haverá intrigra, futrica e eleição que possa frear o desenvolvimento”.

Lula disse ainda que as conquistas na economia já são muito palpáveis, mas alertou que não se pode ser tomado pela euforia. O presidente comemorou a vitória dos países em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC), que fecharam um acordo para o fim dos subsídios agrícolas, afirmando que isso vai gerar um ganho de US$ 10 bilhões ao Brasil nos próximos anos.

Lula destacou que o emprego com carteira assinada até julho é o maior desde 92. Segundo ele, a geração de empregos com carteira assinada irá ultrapassar 1,2 milhão de vagas até julho deste ano. Até junho, haviam sido criados 1,034 milhão de empregos com carteira assinada neste ano.

Segundo o presidente, o País manterá a criação de empregos formais no patamar recorde alcançado nos meses anteriores, que apontava o melhor resultado desde 1992. “Já podemos garantir que até o mês de julho já ultrapassamos 1,2 milhão de empregos com carteira assinada. O que não é pouca coisa, porque é o maior número desde 1992.” No mês passado, o Ministério do Trabalho revisou a estimativa de geração de empregos formais de 1,3 milhão de vagas para 1,8 milhão em 2004.

PFL reage e chama Lula de Hitler

Brasília – Numa forte reação ao discurso de ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), disse que Lula recorre a uma prática utilizada por Adolf Hitler para calar seus adversários. Numa resposta à afirmação de Lula de que a oposição estaria recorrendo à intriga para prejudicar o governo ao pressionar pela saída dos presidentes Meirelles e Casseb, o pefelista disse que Lula cria a idéia de que há uma conspiração contra a economia brasileira para eliminar a oposição, como teria feito o líder nazista.

“O presidente está querendo encobrir os problemas e usa a mesma tática de Hitler de eliminar sumariamente seus adversários. Hitler, quando assumiu o poder, começou a desenvolver a idéia de que havia uma conspiração contra a economia alemã e com isso mandou eliminar seus adversários”, disse.

Além disso, o líder do PFL no Senado, senador José Agripino (RN), comunicou ao Plenário ter participado, ontem, ao lado do presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e do líder do PFL na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (BA), de audiências no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal de Contas da União (TCU), onde foram solicitadas investigações sobre atos do governo Lula considerados lesivos ao patrimônio público.

Senado convoca Meirelles e Casseb

Brasília – A Comissão de Fiscalização e Controle do Senado aprovou ontem o convite para que os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb, prestem esclarecimentos sobre as denúncias de sonegação fiscal e evasão de divisas, além de má utilização de dinheiro público, no caso do BB. O Senado não tem a prerrogativa de convocar presidentes de estatais ou de instituições públicas a prestarem esclarecimentos ou contas aos parlamentares. A Casa, porém, pode convocar ministros de Estado para fazerem isso.

Caso Casseb ou Meirelles recusem o convite, a comissão poderá, neste caso, convocar o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, a esclarecer o caso no lugar dos dois. O requerimento, encaminhado pelo presidente da comissão, senador Ney Suassuna (PMDB-PB), foi aprovado por votação simbólica. A audiência ainda não tem data marcada, mas deverá ser acertada de acordo com a disponibilidade de agenda de Casseb e de Meirelles. A expectativa dos senadores da oposição é que a audiência aconteça já na próxima semana.

O governo, por outro lado, tentou até quanto pôde evitar o convite. Ontem, o ministro Aldo Rebelo (Articulação Política) esteve no Congresso orientando os senadores da base aliada a evitarem a aprovação desse requerimento. Rebelo, afirmou que os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb, não irão ao Senado caso o governo veja uma “trincheira eleitoral” da oposição. A alegação é uma forma de o governo dificultar a ida dos dois ao Senado.

Aldo chegou da China nesta semana e foi direto ao Congresso tentar contornar a crise. “O que nós percebemos de imediato é que há um interesse eleitoral da oposição”, disse o ministro. “Eles não vão comparecer se a oposição tentar transformar as informações do BB e do BC em trincheira eleitoral. Eles vão comparecer se for de interesse do Senado e não como pauta eleitoral”, acrescentou Aldo, após encontro com o líderes do governo Aloizio Mercadante (PT-SP) e Professor Luzinho (PT-SP).

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