Descrente da capacidade do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de negociar a prorrogação da CPMF, o Palácio do Planalto entrou em campo para incentivar o troca-troca partidário e conquistar votos de senadores de oposição. A primeira baixa no campo adversário já faz parte da contabilidade do governo: a filiação do senador César Borges (DEM-BA) ao PR, partido da base. ?O que me move não é o adesismo, é a questão de espaço local?, explica.

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Mas ele também já se mostra sensível aos argumentos do Planalto e diz que em política não se deve ter posições inamovíveis. ?A CPMF tem de acabar, mas o processo pode ser gradual?, sugere, em sintonia com o pensamento da equipe econômica e fora do tom do discurso oficial do DEM.

Nesse esforço de cooptação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou para uma conversa reservada, há dez dias, o combativo senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Sem rodeios, convidou-o a ingressar em um dos partidos da base, com a promessa de apoio em 2010, caso decida disputar o governo estadual ou a reeleição. Em troca, um voto favorável à CPMF. Na conversa, Demóstenes deixou claro que não pode sair agora do DEM mas manteve a porta aberta. ?Não fechei a porta para o convite do presidente porque quero ter ao menos a certeza de que posso ser candidato, e o partido não me garante a legenda.? Ele também não hesita em admitir a possibilidade de se converter em um voto favorável à CPMF. ?Se o governo federal abrir um entendimento para adotar o regime de tempo integral nas escolas, é uma brecha boa para a gente conversar.

Até a semana passada, o governo estava de olho em seis insatisfeitos do DEM, mas um dirigente do partido avalia que a lista dos cooptáveis ganhou mais dois nomes esta semana: os senadores Jayme Campos e Jonas Pinheiro, ambos de Mato Grosso. Segundo esse dirigente, eles estão contrariados por causa da obstrução à indicação de Luiz Antonio Pagot para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte (DNIT), comandada pelo DEM e pelo PSDB.

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É na brecha dessas insatisfações com o comando partidário que o Planalto busca espaço para atuar na caça aos votos, oferecendo facilidades em troca de apoio. A Executiva Nacional do DEM quer fechar questão contra a CPMF, mas os senadores que estão desconfortáveis no partido – como Edison Lobão (MA), Romeu Tuma (SP), Adelmir Santana (DF), César Borges, Demóstenes e os dois mato-grossenses – não fecharam as portas para um a negociação em torno da emenda.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), quer se reunir com líderes governistas e de oposição na terça-feira, na tentativa de entendimento em torno de uma agenda mínima de votações, o que inclui a CPMF. A prioridade imediata é fazer a pauta do Senado andar, a despeito do protesto da oposição, que não aceita Renan na presidência. Jucá persegue um acordo para pôr fim à obstrução que fez o nome de Pagot empacar no plenário.

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Segundo um dos articuladores da base aliada, se chegar à conclusão de que Pagot é um bode que precisa sair da sala, o governo pode até retirar sua indicação da pauta, em nome de um consenso mínimo. O Planalto também quer aproveitar a oportunidade para ?tomar o pulso? dos tucanos e ver se há clima para começar a discussão da CPMF.

A despeito dos protestos e das promessas de recusa à emenda, até as negativas dos líderes do PSDB não deixam dúvidas de que há espaço para conversa. ?Não queremos acabar com a CPMF de uma hora para a outra, mas é preciso fechar a torneira e segurar a gastança. Esse governo não pode continuar perdulário como está, dando o pior destino ao dinheiro público?, diz o senador Sérgio Guerra (PE).