Depois de ter afirmado ontem que será candidato à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuou e disse que não vai tomar essa decisão agora. O presidente reconheceu, em entrevista a emissoras de rádio, que cometeu um ato falho ao dizer que será candidato nas eleições de 2006, mas acabou apresentando realizações do governo que o credenciariam a concorrer.
"Foi um ato… A minha convicção é que eu disse "se for para a disputa". Foi sem querer, porque não decidi se sou candidato. Não tenho nenhum interesse em decidir isso agora", disse Lula, ao responder à pergunta do deputado federal Sandes Júnior (PP-GO), da rádio Terra de Goiania. No final da resposta, o presidente disse que, se for candidato, terá resultados em 2006 melhores que os de 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso.
O anúncio da candidatura à reeleição foi feito em resposta à pergunta sobre a demora para tomar esta decisão. "São com essas armas que, se eu tiver que ser candidato, eu vou para a eleição. Gosto do debate, adoro um debate, gosto de polêmica. É bonito. O povo vai se politizando. O povo vai ensinando a gente. É assim que penso. E vou, sim, disputar as eleições", disse Lula, depois de citar programas do governo como o Bolsa-Família e o Biodiesel.
Ainda sobre as eleições, Lula afirmou: "Tenho dito que não tenho pressa. Meus adversários que têm pressa. Têm demonstrado um certo nervosismo por 2006. Eu não estou porque acho que o povo brasileiro já foi generoso comigo".
Lula afirmou que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, continuará no cargo. Foi a primeira vez que Lula confirmou Palocci no cargo, desde o aumento das denúncias contra o ministro e das divergências com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Palocci é e continuará sendo meu ministro da Fazenda", disse Lula. Sobre as divergências entre o Palocci e Dilma Rousseff, o presidente disse que são saudáveis e fazem parte da democracia.
Sobre a CPMI que investiga o suposto pagamento de mesada a parlamentares, Lula disse que não conseguiria comprovar o esquema de compra de votos. "Eu acredito piamente que nós estamos vivendo um momento em que as insinuações, às vezes, não têm respaldo, mas no dia seguinte vão ganhando corpo, e vão ganhando corpo, e vão ganhando corpo", afirmou. Para Lula, a prorrogação dos trabalhos da CPMI dos Correios teve "um componente político muito forte".
Em relação às denúncias contra o deputado federal José Dirceu (PT-SP), o presidente voltou a afirmar que, até o momento, não há nenhuma prova concreta contra ele. "Até agora, se você colocar todas as denúncias contra o José Dirceu em uma prensa e apertar, não vai sair uma gota", disse. Ex-ministro-chefe da Casa Civil, Dirceu foi acusado pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de comandar um esquema de pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio aos projetos de interesse do governo.
O presidente também comentou as denúncias contra integrantes de sua família. Segundo o presidente, as acusações contra seu filho Fábio Luiz Lula da Silva e contra seu irmão Genival Inácio da Silva são infundadas. "Se alguém levanta uma dúvida contra um membro do meu governo, da minha família, não basta levantar a dúvida, precisa provar, para para pague, tanto quanto qualquer brasileiro que cometa erro, tem que pagar neste País", afirmou Lula.