Lula faz turismo na Rússia

Enquanto os líderes do G-8 se embrenhavam em pesadas discussões sobre o agravamento da crise no Oriente Médio e seus efeitos no setor energético, no isolado Palácio Constantino, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestiu sua jaqueta branca, com o brasão da República no peito, e foi desbravar três pontos turísticos de São Petersburgo.

Lula aproveitou sua primeira visita à cidade fundada há 303 anos por Pedro, o Grande (1672-1725), e que tornou-se capital da Rússia até a Revolução de 1917, para fazer turismo. Ele fez uma visita guiada às alas italiana, holandesa e russa do Museu Hermitage. Mas, em vez de usar a entrada oficial, ingressou por uma porta nos fundos do complexo, à beira do rio Neva. Em seguida, passeou em torno do monumento a Pedro I, o Grande, o czar responsável pela abertura da Rússia e que, entre outros, obrigou seus súditos a cortarem suas barbas. Por fim, ouviu detalhadas informações de uma guia, em português, na Catedral de Santo Isaac, principal tempo da Igreja Ortodoxa Russa na cidade. Na catedral, Lula cumprimentou o presidente do México, Vicente Fox, também em visita turística.

Companhia

Lula seguiu no passeio ao lado de dona Marisa e dos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, e da Casa Civil, Dilma Rousseff. Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, se encontrava com a representante dos Estados Unidos para o Comércio, Susan Schwab, para tratar da possível desobstrução da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Lula encerrou seu circuito turístico por São Petersburgo com um almoço em um restaurante italiano no hotel em que está hospedado. Ao lado de dona Marisa, de Dilma Rousseff e do casal Furlan, mostrou-se mais descontraído e falante.

Na terra do melhor caviar do mundo, Lula entusiasmou-se ao comentar receitas preparadas em churrasqueiras a seus convivas e em destacar sua preferência por churrascos.

G-8 adia decisões e surpreende delegação

Os líderes do G-8 deram ontem ao diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, mais 17 dias para promover a conclusão dos pré-acordos da Rodada Doha nas áreas agrícola e industrial. Em um documento que pegou de surpresa a delegação brasileira, assinado na cúpula de São Petersburgo, o G-8 atropelou o apelo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentará hoje, para o qual o Brasil e outras cinco economias em desenvolvimento foram convidados.

Lula ainda pretende cobrar as concessões políticas necessárias para destravar a rodada e que, atualmente, ultrapassam os limites de ação dos seus negociadores. Seu discurso, entretanto, deverá perder o impacto esperado pelo governo brasileiro, assim como os recados enumerados pelo grupo das economias em desenvolvimento – Brasil, Índia, China, México, África do Sul e Congo.

Prazo

Os líderes do países mais ricos deixaram claro que Lamy terá até o dia 17 de agosto para romper as intransigências e aproximar as posições sobre os três principais impasses – a abertura de mercado agrícola, o corte de tarifas na área industrial e a redução de subsídios concedidos a agropecuaristas. O prazo anterior encerraria em 31 de julho.

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