Há três dias afastado dos holofotes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, na tentativa de expressar sua solidariedade às famílias das vítimas do vôo 3054 da TAM. Auxiliares do presidente já começaram a preparar as linhas básicas do pronunciamento e vão arrematá-lo nesta sexta, depois da reunião do Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac).

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Alguns assessores o aconselharam a aproveitar a TV para apresentar medidas que o governo deve adotar, com o objetivo de reduzir o tráfego aéreo no Aeroporto de Congonhas. O presidente, no entanto, ainda não bateu o martelo sobre esse ponto. Até quinta, Lula não tinha telefonado para o governador paulista, José Serra (PSDB)

Uma aparição pública do presidente em São Paulo está sem previsão. Por não querer correr o risco de ser vaiado – como há uma semana, na abertura dos Jogos Pan-Americanos, no Rio – e por temer passar a impressão de que a solidariedade com as vítimas do acidente aéreo possa ser interpretada como um ato demagógico, Lula não deverá ir a São Paulo enquanto as investigações não tiverem definido claramente a causa da tragédia.

Na reunião da coordenação política do governo, no Palácio do Planalto, o presidente deixou claro que o que menos importa, agora, é o possível desgaste político. A preocupação do governo, nas suas palavras, deve ser unicamente a busca de uma solução rápida para o caos no sistema aéreo.

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Depois das primeiras análises do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa) e da Infraero, o Planalto trabalha cada vez mais com a versão de que o acidente com o avião da TAM não tem relação direta com a pista reformada do Aeroporto de Congonhas. Mas já se prepara para o bombardeio político.