Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem desculpas a quem, segundo ele, possa ter se sentido mal com o discurso que fez em São Paulo, no sábado passado, durante inauguração de uma obra na zona leste da capital paulista. Na ocasião, Lula pediu votos para a prefeita Marta Suplicy, candidata à reeleição.
“Depois do discurso, fiz um improviso e fui tomado de emoção ao falar da campanha eleitoral. Falei. Se cometi um erro, eu peço desculpas se isso causou mal a alguém. Mas o dado concreto é que a obra está pronta. Se eu machuquei alguém, se eu feri alguém, vou ser mais comedido, daqui para frente. Vou evitar, durante o processo eleitoral, fazer meus improvisos que possam ajudar meus candidatos”, disse.
Apesar do pedido de desculpas, o presidente afirmou que seus adversários, que tanto reclamaram do discurso dele em São Paulo, fazem campanha na TV diariamente. Lula disse que governadores estão fazendo campanha como se fossem eles os candidatos. “Não entendo por que nossos adversários ficaram tão nervosos. Eles disseram que ia federalizar a eleição. Mas os números da economia fizeram com que eles fechassem a boca”, disse Lula, acrescentando que a oposição tenta achar, com o episódio em São Paulo, motivo para atacá-lo.
Sobre a retirada, no site da Presidência da República, da parte polêmica do discurso, Lula disse que não estava no País quando a decisão foi tomada. Assim que voltou dos Estados Unidos e foi informado do fato, pediu ao secretário de Imprensa, Ricardo Kotscho, que recolocasse o trecho no ar.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que o pedido de desculpas de Lula foi um ato de sabedoria. “É um ato de sabedoria dele porque há limites que não se podem ultrapassar”, observou. Alckmin destacou que o episódio já está superado para o PSDB, que tem José Serra como candidato a prefeito. “Não é questão de desculpa. Este episódio para nós já está superado”, disse, acrescentando que não há problema em participar de campanha. “Isso faz parte do processo democrático. A única coisa que a lei proíbe é fazer campanha em evento público”, comentou.
O deputado da oposição Pauderney Avelino (PFL-AM), vice-lider do partido, também disse que aceita o pedido do presidente. O amazonense considera que foi um ato de humildade de Lula. Ainda assim, o parlamentar afirma que, se Lula cometeu crime eleitoral, vai ter que responder nos tribunais.
Caso está com o Ministério Público
Teresina – Ao participar ontem de entrevista em Teresina, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu que descumpriu a lei ao pedir votos durante discurso feito no último sábado em São Paulo e, de acordo com a posição da OAB, a matéria, agora, está nas mãos do Ministério Público.
“O presidente da República, mais do que ninguém, deve cumprir a lei, deve ser comedido, para que não caia novamente em uma situação constrangedora como essa, de ter que chamar a imprensa, reconhecer um erro tão elementar e ter que pedir desculpas à nação”, disse Busato.
A declaração foi dada por Busato após visita ao Tribunal de Justiça do Piauí, na qual esteve acompanhado do presidente da OAB-PI, Álvaro Mota. Ao final da reunião, os jornalistas questionaram a opinião de Busato sobre o pedido de desculpas do presidente Lula, feito durante entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto. Lula pediu desculpas a quem, segundo ele, possa ter se sentido mal com o discurso que fez durante a inauguração de uma obra na zona leste da capital paulista. Na ocasião, Lula pediu votos para a prefeita Marta Suplicy (PT-SP), candidata à reeleição.