Foto: Agência Brasil |
Alckmin e Lula: candidato tucano continua após a publicidade |
A menos de um mês da convenção do PT que o lançará candidato à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou ontem os adversários a enfrentá-lo com denúncias na campanha pela televisão. Um dia depois de o IBGE ter divulgado crescimento de 1,4 por cento do PIB no primeiro trimestre em relação ao anterior, Lula disse que pretende comparar as realizações de seu governo com as do PSDB.
Lula confirmou que deseja uma aliança formal com o PMDB e fez ironia com o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin. "Quero que eles coloquem CPI na televisão todo dia, toda hora. Que coloquem as torturas que fizeram com muita gente lá", disse o presidente a jornalistas, lembrando que foi dele a decisão de vetar o artigo da lei eleitoral que proibia cenas externas, como as das CPIs, na propaganda eleitoral.
O presidente defendeu os gastos sociais do governo e disse que está "predestinado" a tornar os pobres menos pobres. Para Lula, o Brasil mostrou "uma certa solidez" no momento de incerteza dos mercados em relação à taxa de juros nos Estados Unidos. Lula tentou desqualificar as acusações feitas à antiga direção do PT e a ex-integrantes do governo nas CPIs dos Correios e do Mensalão. Ele chamou as críticas de "palavrório". "Quando (o palavrório) surge como única alternativa dos adversários, por não ter como competir em realizações, para competir em baixaria, nesse jogo eu não entro", afirmou.
Lula afirmou que o Brasil "está numa fase boa, consolidando sua economia" e que, por isso, "a crise do Banco Central americano, da dívida pública americana, não nos causou problema".
O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, reagiu às declarações de Lula, que desafiou a oposição a mostrar em seus programas na TV cenas das sessões da CPIs que investigaram denúncias de irregularidades relacionadas a seu governo. "O presidente passou da omissão para o cinismo. Primeiro ele dizia que de nada sabia, agora fala que corrupção não tem problema", afirmou Alckmin a jornalistas ao deixar a sede da Executiva do PSDB em Brasília. "Agora, é cinismo mesmo que é mais imperdoável do que omissão."
Alckmin acusou o governo Lula de estar promovendo "uma grande farra cambial e fiscal com objetivos meramente eleitoreiros". Segundo ele, o governo tira proveito "de forma irresponsável" do bom momento da economia mundial, e além de ter permitido "a excessiva valorização do real frente ao dólar", também "aumentou a despesa pública por meio de uma enorme gastança".
Foi a primeira vez que Alckmin atacou de forma mais contundente a política econômica do governo Lula. O ex-governador paulista advertiu que "quando o cenário externo benigno mudar, e os sinais de que isso pode acontecer estão aí, o Brasil vai ter mais problemas que os outros países". Segundo Alckmin, Lula adotou uma política econômica deliberada de juro alto para valorizar o real perante o dólar.
Alckmin criticou também o aumento dos gastos correntes do governo federal. Segundo ele, Lula "fez a política do atraso" ao conceder aumentos salariais generalizados para o funcionalismo "na véspera das eleições". "Não sou contra dar aumento de salário, mas fazer agora é atraso. Por que não deu antes?"