Lula evita apoio público a Palocci, mas elogia Dilma

Pelo segundo dia consecutivo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou ontem no Palácio do Planalto e frustrou as expectativas de quem esperava uma manifestação pública de apoio ao ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Ao se pronunciar durante a solenidade de entrega de certificados às empresas credenciadas para a produção de biodiesel, Lula, em compensação, elogiou três vezes a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a quem citou, nominalmente, em cinco oportunidades.

Na cerimônia, ele posou para fotos ao lado de Dilma, que mereceu dele afagos e gestos de cordialidade. "Quero dizer em alto e bom som, se alguém, em algum momento, imaginou que o programa do biodiesel era apenas um sonho, era apenas uma peça, uma coisa de campanha eleitoral, ou mais um projeto do governo, eu quero dizer que não é um sonho, não é mais um projeto, é o projeto, e um grande projeto porque ele será, definitivamente, a forma pela qual o Brasil estará totalmente independente nesta questão de energia", disse. "Eu não poderia deixar de parabenizar a Dilma Rousseff."

Depois de citar que a proposta do biodiesel "é uma criança muito nova" e "tem apenas dois anos", Lula relatou que, no almoço com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, há dez dias, na Residência Oficial do Torto, o convidado propôs parcerias entre empresas americanas e brasileiras para tornar o biocombustível mais barato no mercado norte-americano. Depois, Lula passou a mais elogios à chefe da Casa Civil: "A exigência do mundo hoje por opções de combustíveis vai exigir que nós ultrapassemos algumas etapas que estão previstas no projeto bem-montado e bem-coordenado pela companheira Dilma e, hoje, sob a coordenação do nosso companheiro Silas (Rondeau, ministro das Minas e Energia) e do nosso companheiro, Miguel Rossetto (ministro do Desenvolvimento Agrário)."

Os afagos do presidente a Dilma chegaram ao ponto de ele sugerir que "a companheira" está muito sobrecarregada e que não queria desafiá-la a reduzir o prazo de 2008 e 2013, para que a mistura da substância à gasolina seja obrigatória em 2% e, depois, 5%. "Eu não vou fazer um desafio para Rossetto porque, indiretamente, eu iria desafiar a Dilma, mas eu posso dizer a vocês que nós estamos sendo pessimistas entre o B-2 e o B-5 ou, possivelmente, não estejamos sendo pessimistas, possivelmente, estejamos sendo mais realistas que o rei", afirmou, referindo-se à possibilidade de o governo antecipar o prazo de mistura de biodiesel à gasolina.

Ao finalizar o discurso, mais uma vez, Lula deu os parabéns, nominalmente, "à companheira Dilma, pelas idéias que as empresas desenvolverão no País para fazer com que o Brasil tenha uma quantidade tão grande de alternativas para adequá-las a cada região do País, que o Brasil será o mais importante produtor de biodiesel do planeta Terra."

Ao final da cerimônia, perguntado sobre o desempenho de Palocci, quarta-feira, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Lula preferiu não se aprofundar. A uma pergunta sobre o desempenho do ministro, o presidente respondeu, incisivo: "Ele foi bem, foi bem, foi bem, foi bem." Outro repórter perguntou se Palocci continua no cargo e se ainda é o homem forte do governo. O presidente sorriu e, colocando as mãos nos braços do repórter, disse: "Toda vez em que vocês criam um homem forte num dia, no outro dia vocês querem derrubar." 

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