Lula: “Estou tirando o Brasil do buraco”

Pelotas

– Em seu discurso mais duro até agora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu ontem às críticas ao seu governo feitas anteontem por Fernando Henrique Cardoso, que condenou os juros altos. Em Pelotas, Lula disse que pegou o país no buraco e que “algumas pessoas que agora reclamam” esquecem que ele pegou o país com 2.400 pontos de risco-Brasil, enquanto agora a taxa é uma das menores da história.

“Bastaram cinco meses pra gente provar que respeito não se consegue com saber falar inglês, mas com caráter, com ética e com um projeto concreto que queremos pro nosso país. O Brasil estava quebrado e alguém tem que consertá-lo”, afirmou, acrescentando que quando assumiu a Presidência o país estava com os créditos internacionais para exportação cortados.

Anteontem, em entrevista ao site do PSDB na internet, Fernando Henrique Cardoso criticou os juros altos e disse que o governo petista exagera na dose da política econômica que já vinha sendo praticada antes pelos tucanos. O ex-presidente também declarou que Lula, ao reconhecer que esperava encontrar menos dificuldade para governar, estava também manifestando seu arrependimento por ter sido “contra tudo no passado”.

Sem citar o nome de FHC, Lula foi direto: “Nós estamos com cinco meses de governo, e tem gente achando que a gente já deveria ter feito o que os outros não fizeram em 40 anos”. E acrescentou: “Os que agora criticam a política econômica não tiveram a coragem de criticar em dezembro, quando os mesmos não sabiam se teríamos condições de tirar o país do buraco em que o encontramos”. Em mais um contra-ataque, Lula falou também que não pode se dar ao luxo de “ir morar na França” se seu projeto de governo não der certo, numa alusão a FHC que já morou em Paris e retornou depois de encerrado o mandato.

Sobre o aperto econômico, Lula garantiu que “nós vamos reativar a economia com muito cuidado. A equipe que eu montei, eu duvido que no Brasil já tenha sido formada uma igual. Cada um tem um compromisso histórico. Qualquer outro poderia errar, eu não posso. Qualquer outro poderia errar e ir morar na França. Eu vou ficar em São Bernardo”, disse.

O presidente também atacou as críticas às reformas da Previdência e tributária. “Eu não posso aceitar que alguém se aposente com R$ 17 mil e que milhões de pessoas não tenham esse privilégio. Os que ganham pouco sabem que não vão perder nada com as reformas”, afirmou. E indagou: “Se um cortador de cana tem que trabalhar 60 anos para se aposentar, porque um professor universitário tem que se aposentar com 53?”. E garantiu: “Somente nós teremos como compatibilizar uma política de ajuste social e de responsabilidade social”.

“Prefiro falar uma verdade dura do que mentir descaradamente”, defendeu o presidente.

Lula também fez questão de ressaltar que reuniu os 27 governadores para discutir as reformas, fato que Fernando Henrique não conseguiu em oito anos. “Vamos fazer a reforma sindical para acabar com o peleguismo no Brasil”, disse Lula. O presidente também defendeu as reformas trabalhista, agrária e política, esta, para acabar “com os políticos que trocam de partido como trocam de camisa”. E concluiu: “Eu estou convencido que vou fazer as coisas corretas neste país”.

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