Lessa denuncia uma |
Rio – Em discurso durante manifestação contra sua saída do BNDES, em frente à sede do banco, o ex-presidente da instituição, Carlos Lessa, afirmou ontem que o país está assistindo a "uma manobra astuciosa da elite e mais uma tentativa, também da elite, de frustrar os sonhos populares", em referência à sua demissão. No final da manifestação que reuniu cerca de 300 pessoas entre parlamentares, sindicalistas e representantes da sociedade civil, na entrada da sede do banco, Lessa, emocionado, disse que não está magoado ou decepcionado com a sua saída.
Segundo ele, o sentimento é de alegria diante do apoio recebido. Mais uma vez ele afirmou que há uma manobra forte da elite para o "desvio de uma iniciativa popular". "A economia (política econômica) não gera emprego. São 12 milhões de desempregados", afirmou. Perguntado se o presidente Lula teria mudado de lado, Lessa respondeu que não. Segundo ele, o presidente Lula "está sendo enganado pela elite brasileira e mundial".
Lessa também falou sobre a situação crítica dos cariocas, criticando a polícia e o setor de transportes. "No ano passado três milhões de cariocas foram para as praias e ficaram cantando, rindo, homenageando várias religiões. Festejando um ano muito ruim, um ano péssimo, com 12 milhões de desempregados. Festejando um novo ano que não sabe qual vai ser, com essa polícia que não vale nada, sem transporte nenhum e zero de violência", disse Lessa.
Segundo Lessa, sua visão sobre política econômica será feita na cerimônia de transmissão de cargo. Em sua fala na praça pública, Lessa preferiu discorrer sobre sua visão de Brasil, e de nacionalismo. O economista fez uma ode à criatividade popular, a mestiçagem e o jeito de ser do brasileiro: "Eu sou homem de elite deslumbrado pelo povão brasileiro". Segundo o ex-reitor da UFRJ , só o povo brasileiro é capaz de fazer coisas como restaurantes por quilo, x-tudo e música popular. Ele afirmou que não há nenhum povo tão receptivo e sem arrogância como o nosso, entretanto, em compensação, bombardeou a elite brasileira, que segundo ele, desde o império, topa qualquer negócio para se perpetuar no poder.
"Quem tinha que ser demitido era o presidente do Banco Central, o Henrique Meirelles, declarou a deputada federal Jandira Feghali. "A saída do Lessa não é por uma questão pessoal, por incompetência ou inoperância. Ele não caiu pelos defeitos , mas pelas virtudes, pela coragem de enfrentar um capital financeiro., disse Jandira.