O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu uma postura de candidato à reeleição durante o jantar de anteontem com a bancada do PMDB no Senado, na casa do senador Ney Suassuna (PMDB-PB). "O presidente estava empolgado e entusiasmado e com uma postura de candidato à reeleição", afirmou o senador Gilvan Borges (PMDB-AP), que esteve no encontro.
Segundo Borges, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff fez uma exposição detalhada dos programas sociais e de infra-estrutura. O presidente, segundo relato de Borges, insistiu em afirmar que este ano vai viajar pelos estados para inaugurar obras e destacou a operação tapa-buracos, de recuperação emergencial de rodovias, que seu governo está executando.
Ao apresentar os dados sobre os programas do governo o presidente, na avaliação de Gilvan Borges, teria usado os números positivos para atrair o apoio do PMDB à sua reeleição. Embora alguns senadores tenham afirmado que Lula teria dito que só vai decidir sobre reeleição em junho, Gilvan Borges afirmou que não ouviu isso do presidente. Mas observou que vários grupos foram formados em torno de Lula durante o jantar.
Também participaram do jantar o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, e dois dos três ministros do PMDB: Silas Rondeau, de Minas e Energia, e Saraiva Guerreiro, da Saúde. Hélio Costa, das Comunicações, viajou para os Estados Unidos e voltará somente na próxima semana. Participaram também as senadoras petistas Ana Júlia (PA) e Ideli Salvatti (SC) e o líder do PMDB na Câmara, Wilson Santiago (PB).
Tem muito
Na conversa com os senadores do PMDB, Lula reconheceu que há uma falha de comunicação no Palácio do Planalto. "O governo tem feito muito, mas temos divulgado pouco", afirmou. Lula empenhou-se em destacar para a bancada peemedebista, no Senado, que o governo terá o que mostrar durante a campanha eleitoral deste ano. A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, passou uma hora e 20 minutos listando os feitos do governo em cada ministério e, mesmo assim, teve de interromper seu relato sem conseguir concluí-lo, pois já passava das 22h30 e era hora de jantar.
Os senadores se espantaram com os números positivos do governo. "Ninguém sabia desses números", disse Ney Suassuna. "Nem o PT sabia", emendou Lula, que pediu ao anfitrião um segundo jantar para que Dilma possa concluir sua explanação.
Os dados apresentados pela ministra mostraram, entre outros, que a Bahia é o estado que mais recebe recursos para o programa Bolsa-Família. Diante do números, a platéia de peemedebistas passou a questionar as razões da má performance do governo naquele estado, dominado pela oposição. A Bahia é, de todas as 27 unidades da Federação, a que mais bate no governo Lula.
Lula disse ontem que é natural que os adversários classifiquem como eleitoreiras as participações em inaugurações. "Ainda vou viajar e inaugurar muito", disse, ressaltando que não age como candidato, ao contrário de "alguns dos meus adversários".
