Lula empossa ministros do PMDB e diz que Gushiken não sai

Brasília (AE) – Ao empossar os três novos ministros do PMDB, Silas Rondeau (Minas e Energia), Hélio Costa (Comunicações) e Saraiva Felipe (Saúde), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de governo, Luiz Gushiken, só deixará o governo se quiser. "Eu quero dizer aqui, pra todo mundo ouvir, que o companheiro Gushiken continuará dirigindo a Secom. A não ser que em algum momento ele possa dizer você quer mas eu não quero, então vou embora. Aí eu não posso segurar na marra", afirmou. "Estou dizendo isso para acabar com os boatos".

No discurso, o presidente Lula aproveitou para avisar que pretende concluir a reforma até terça-feira (12) pela manhã, antes de embarcar para Paris, e que estabeleceu um critério para concluir a reforma ministerial: "é que os companheiros e companheiras que estão no governo e são candidatos a alguma coisa nas próximas eleições eu entendi que seria melhor deixar o governo agora, do que deixar em março, abril do próximo ano". Para Lula, se deixasse para depois, ele "teria de atravessar 2005 com um governo praticamente provisório porque, faltando seis meses para terminar o mandato, corremos o risco de as melhores pessoas do País estarem concorrendo a algum cargo e você ter de montar o governo não na dimensão que o País precisa para o seu ministério". Por isso mesmo, a reunião ministerial que já havia sido adiada para segunda-feira (11), foi transferida para terça-feira (12).

Lula aproveitou para anunciar o nome de Luiz Marinho para o Ministério do Trabalho e, com o recado dado, pretendeu deixar claro que ministros como Olívio Dutra, das Cidades, que ainda não havia sido contatado por ele, não deixarão o cargo. Já o ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, que estava cotado para a pasta do Trabalho, e, agora, deve voltar para a Câmara, preferiu não comparecer à cerimônia, apesar de ter passado o dia no Planalto. Jacques Wagner ainda não foi confirmado, mas deverá mesmo ir para a Coordenação Política. Gushiken já avisou aos seus auxiliares que fica no governo.

Elogios – Lula fez inúmeros elogios aos ministros que saem e aos que entram mas destacou o nome de Gushiken, que começa a ser alvo de denúncias. "O companheiro Gushiken cuida não apenas bem da Secretaria de Comunicação, mas do mundo de assuntos estratégico, que é um coisa extremamente importante", disse Lula, que foi aplaudido ao sair em sua defesa. "Eu acho que nós não poderemos, a qualquer insinuação contra qualquer companheiro, a priori, achar que as pessoas são culpadas".

Para Lula, "quem fizer acusações precisa provar as acusações, porque senão as ilações tomarão conta da política nacional e eu acho que nós precisamos tratar esses assuntos com carinho". E acentuou: "todas as coisas serão investigadas no seu momento certo, com o cuidado certo, com o critério certo, ou seja, por isso que eu nasci contra a pena de morte. Sendo contra a pena de morte, por que eu vou ser favorável à pena de morte na política? Ou qualquer coisa eu já tirar uma pessoa antes das pessoas poderem provar a verdade e a mais absoluta verdade, que no fundo, no fundo é o que interessa ao povo brasileiro e sobretudo à nossa consciência".

Apelo – O presidente Lula aproveitou seu discurso para fazer um apelo aos novos ministros peemedebistas, para que ajudem a unir o partido. "O PMDB, partido grande, um partido importante no Brasil mas que está conseguindo a proeza de ter tantas tendências quanto o meu PT", brincou o presidente, ao pedir apoio dos novos ministros e aos que deixavam o cargo, no Congresso, para ajudar a aprovar as propostas do governo nas duas Casas.

Segundo o presidente, o PMDB "vai precisar de todos os quadros bons para fazer trabalhar de forma conjunta", para dar uma "ordenada" no partido.

Lula fez questão de elogiar não só os novos e antigos ministros, como a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, ao contar como a escolheu para as Minas e Energia. Ao citar que a conheceu numa reunião para elaborar o programa energético do governo, durante a campanha à Presidência, disse que, quando viu uma "uma mulher de rosto delicado que falava mais forte que os homens". "Então eu disse: tá aí. Achei a minha ministra de Minas e Energia", contou. Lula disse ter certeza de que Dilma terá a mesma competência na Casa Civil.

Lula disse também que o Brasil está cheio de exemplos de pessoas que foram execradas quando estavam exercendo uma função no governo e, depois de deixar seus cargos, foram alçadas a patamares alcançados por grandes homens. Ele destacou que não é a pressa ou a ansiedade que vai mostrar o que o ser humano faz na sua passagem pela terra. Segundo o presidente, a história está cheia de exemplos de pessoas que foram massacradas em vida e, depois de mortas, se tornaram heróis.

Ao falar sobre o ministro demissionário da Saúde, Humberto Costa. Lula disse que sua relação política com Costa vem da época da fundação do PT. Disse que nem sempre os dois "bicaram a mesma fruta". "O Humberto, muito astuto, inteligente, pertencia a correntes que não eram a minha", afirmou o presidente.

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