Na sua passagem hoje (29) pelo Senado e pela Câmara, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que vai dialogar com toda a sociedade e com os partidos políticos, independentemente de terem contribuído ou não para que fosse eleito. Fez um apelo aos parlamentares e disse que o diálogo não deve ser iniciativa apenas do presidente da República, mas principalmente dos deputados e senadores.

A ida de Lula ao Congresso registrou um dos maiores tumultos já verificados nas duas Casas. Funcionários do Senado e da Câmara se acotovelaram para ver o presidente eleito, que deveria passar por um corredor cercado de agentes de segurança. Mas as cordas não resolveram. Ocorreram invasões, gritarias, empurrões e declarações de amor ao recém-eleito.

Pelo horário fixado, Lula deveria encontrar-se com o presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), às 15 horas, com o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), às 16 horas, e com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Melo, às 17 horas. Nenhum dos horários foi cumprido. Tebet teve de ficar mais de meia hora na porta da entrada do seu gabinete aguardando a chegada de Lula. A cem metros dali, Aécio também esperava, de pé, na porta do gabinete da presidência da Câmara.

Assim que chegou ao gabinete de Tebet, Lula recebeu os cumprimentos de mais da metade dos 81 senadores. Com alguns, conversou ao pé do ouvido mais demoradamente, como Paulo Souto (PFL), eleito governador da Bahia, e Arlindo Porto (PTB-MG). Com outros, trocou longos abraços, a exemplo de Marina Silva (PT-AC) e Roberto Freire (PPS-PE), seus parceiros na vitória. O senador Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB), que é paraplégico e anda numa cadeira de rodas, sustentou-se numa bengala, cumprimentou Lula e permaneceu de pé durante todo o tempo em que o presidente eleito esteve com os parlamentares.

Tebet disse a Lula que o Senado estava envaidecido de ser visitado pelo presidente eleito 48 horas depois da eleição. ?A sua presença aqui deixa-nos extremamente satisfeitos?, afirmou ele. Lula respondeu que iniciava ali um processo de visita ao Senado, à Câmara e ao STF, para mostrar o apreço que tem pelas instituições e o respeito que por elas terá durante todo o seu governo.

Depois, voltou a elogiar o presidente Fernando Henrique Cardoso. ?O presidente Fernando Henrique está fazendo o mais importante projeto de transição de que temos conhecimento na América Latina?, ressaltou. Contou ao senadores que nomeou o prefeito de Ribeirão Preto, Antonio Palocci, coordenador da equipe de transição e lembrou que horas antes, havia brincado com os jornalistas, dizendo-lhes que ainda não começou a montar o Ministério. Portanto, especulações não são válidas.

Na Câmara, Lula conversou rapidamente com Aécio Neves, a quem prometeu tratar como um governador petista assim que tomar posse no comando de Minas. Foi também cumprimentado por deputados de todos os partidos.

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