Pirassununga e São Bernardo do Campo (SP) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em São Bernardo do Campo, que os senadores que votaram contra a prorrogação da CPMF ?nunca usaram o SUS? e que o próximo presidente da República também será prejudicado pelo fim do ?imposto do cheque?. A proposta que prorrogava a CPMF até 2011 foi derrubada pelo Senado na madrugada da última quinta-feira.
?Quem votou contra a CPMF não usa o SUS, porque se usasse não votaria contra?, disse o presidente, assegurando que o governo não vai propor nenhuma medida irresponsável para compensar a perda de arrecadação.
?Não pensem que vai haver alguma medida do governo de irresponsabilidade. Nós vamos manter o superávit primário, vamos continuar a política fiscal séria?, disse Lula, acrescentando que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) também não sofrerá problema de continuidade.
?Eles não só me prejudicaram, mas prejudicaram o próximo presidente da República, pois em 2010 eu não serei mais candidato. Não pensem que vai haver alguma mudança. Mas alguém vai ter que responder porque a Saúde deixará de ter mais R$ 24 bilhões no ano que vem e mais R$ 80 bilhões a partir de 2010?, completou o presidente.
Agradecimento a Serra
Lula agradeceu publicamente o empenho do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que estava ao seu lado no palanque, pela batalha da prorrogação da CPMF no Senado. Serra disse a Lula que tentou convencer os senadores do PSDB a aprovarem a prorrogação da CPMF, mas não foi compreendido.
?Aqui de público, quero fazer um agradecimento pelo empenho que você teve em mobilizar os senadores para não tirar R$ 40 bilhões do Orçamento de uma hora para outra?, afirmou o presidente.
Antes, o governador de São Paulo havia elogiado Lula, parabenizando o presidente pelo esforço do governo em manter funcionando em São Bernardo a fábrica da Ford, que no passado chegou a estar ameaçada de fechar e demitir milhares de funcionários. Serra lembrou que na última vez que esteve com Lula no ABC foi em 1978, quando os dois estiveram juntos num palanque pela redemocratização do País, dizendo que São Bernardo do Campo era onde Lula começou sua carreira política.
Espetáculo do crescimento
Lula reclamou que não foi levado a sério quando previu, em agosto de 2003, que o País registraria o ?espetáculo do crescimento? da economia. Segundo ele, a resposta aos críticos é o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) no 3.º trimestre, que atingiu 5,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. ?Em agosto de 2003, quando eu falei (do espetáculo do crescimento) fui achincalhado durante um ano. E hoje não há uma linha de autocrítica de que o PIB foi de 5,7%?, disse.
Venezuela
Na quinta-feira, na Venezuela, o presidente fez um rápido comentário sobre a rejeição da prorrogação do imposto, limitando-se a dizer que o resultado da votação reflete o que é o processo democrático.
Até o início da tarde de ontem, o presidente optara pelo silêncio. Mais cedo, Lula apenas sorrira e acenara de longe, para os familiares que acompanhavam a formatura de 158 aspirantes a oficiais. A solenidade, na academia da Aeronáutica, em Pirassununga (SP), começou pontualmente às 10h. Lula esteve quase todo o tempo na tribuna de honra, depois de ter passado a tropa em revista.
O presidente nem mesmo discursou. Sua mensagem aos formandos foi lida por uma oficial da academia. Nela, destacou a importância dos novos oficiais na manutenção da soberania do espaço aéreo nacional.