Lula diz que pressões atrapalham as decisões

Manaus – Ao discursar no seminário empresarial Brasil-Venezuela ao lado do presidente venezuelano Hugo Chávez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem da pressão que setores produtivos fazem sobre o Congresso e os governos para tomada de determinadas decisões. Sem citar quais seriam os setores em questão, Lula disse que essa pressão faz com que o Legislativo e os governos demorem meses para tomar uma decisão que poderia ser tomada em uma semana ou um mês.

“Muitas vezes nos nossos países temos uma atividade econômica que quer determinar a política do Estado. Muitas vezes a pressão de um setor, por menor que seja, às vezes faz com que o nosso Congresso ou os nossos governos demorem meses para tomar uma decisão de uma coisa que poderia acontecer numa semana ou em um mês”, disse Lula.

Lula disse ainda que, nesses casos, o governo deve relativizar a pressão de um determinado setor da economia e pensar no conjunto do setor produtivo. “Precisamos muitas vezes pensar no conjunto do setor produtivo de cada país para ver o que pode produzir mais comércio, mais exportações, mais importações e mais conhecimentos tecnológicos”, afirmou. A declaração do presidente ocorre num momento em que Congresso e governo estão envolvidos em discussões sobre a aprovação de projetos como as Parcerias Público-Privadas (PPPs), mudanças na Lei de Informática e impasses envolvendo a Zona Franca de Manaus.

Lula também disse que só haverá uma integração efetiva da América Latina se os países destravarem a burocracia. “Não haverá integração se a gente não destravar a burocracia legal. Quero dizer que ela não é pouca”, afirmou.

Lula brincou dizendo que era preciso fazer uma revolução na burocracia. Lula aproveitou o seminário para fazer uma defesa do amigo Hugo Chávez. “Quero dizer de coração aberto. Fui criticado quando há dois anos elogiei o presidente Chávez e disse que ele era meu amigo. Não tenho medo de investir na Venezuela”, disse.

Num recado indireto ao governo americano, Lula disse que o referendo do dia 15 de agosto não deixa mais dúvida “em nenhum lugar do mundo” de que a Venezuela assumiu pela terceira vez no governo Chávez a condição de nação democrática. Emocionado, Chávez agradeceu a Lula e disse que o Brasil deu apoio tanto público quanto reservado a seu governo. “Quero dizer a Lula e a sua equipe de governo: obrigado. Amor com amor se paga”, disse Chávez.

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