Brasília – Repetindo o tom do discurso de anteontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a reunião de mais de uma hora com líderes do setor agropecuário, no Palácio do Planalto, para dizer que não teme a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar o que quer que seja. "O presidente comentou que não teme qualquer CPI e que se ela tiver que ser instalada, que seja, porque ele não vê nenhum problema nisso", disse o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul e da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, Carlos Sperotto.
Lula, segundo Sperotto, fez uma longa explanação sobre a situação do País e, ao falar da crise política, instalada por causa das denúncias de pagamento de mesada para os deputados votarem a favor do governo, disse que "não podia tomar mais atitudes além das que tomou em relação às denúncias porque não existiam nomes". "Ele disse que o Brasil gostaria de ver o Congresso trabalhando e que era preciso que os congressistas continuassem trabalhando, sem interromper as votações, mesmo que realizem as CPIs", afirmou Sperotto, ao acrescentar que o presidente destacou que eles podem criticar o governo à vontade, mas que não paralisem os trabalhos.
Tentando demonstrar otimismo e confiança, na conversa com os líderes do setor agropecuário, Lula reiterou que não há mudanças nos rumos da economia, e salientou que o Brasil possui hoje uma economia respeitada no mundo. No encontro, o presidente falou que quer "criar uma agenda positiva com o setor agropecuário", assim como com outros setores, além de apresentar programas de desenvolvimento agrícola a médio e longo prazos. "Não podemos nos encontrar só para apagar incêndios", disse Lula, de acordo com o presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul, Valter Potter.
Ao final do encontro, no qual estava presente o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, de acordo com os participantes da reunião, o governo anunciou a liberação de R$ 1 bilhão para garantir a comercialização de produtos agrícolas que estão com problemas no mercado, como arroz, algodão e farinha de mandioca. De imediato, segundo Potter, o governo vai liberar R$ 400 milhões para a compra dos estoques e desfazer os efeitos negativos das importações. Os R$ 600 milhões restantes, de acordo com Potter e Sperotto, serão liberados em agosto.