Lula diz que não foi eleito para eliminar tensão social

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, ontem em São Paulo, que é “normal” que haja tensões sociais no País, e que ele não foi eleito para acabar com elas. De acordo com ele, ninguém “em sã consciência” pode deixar de reconhecer que há “um problema social sério” no Brasil.

O presidente Lula disse que “vamos ter que cuidar desses problemas, tanto urbanos quanto rurais. E vamos cuidar na medida da possibilidade do Estado”. As declarações de Lula, feitas na saída da prefeitura de São Paulo, foram uma reação à nota do PSDB que, entre outras coisas, criticou a ação do governo federal nos conflitos agrários e nos que envolvem os sem-teto de São Paulo.

“Acho que o movimento [social] tem consciência da gravidade política e da situação econômica do País. É normal que haja tensão e é normal que o governo saiba se comportar para saber atender [as reivindicações]. Nós não ganhamos as eleições para acabar com as tensões ou com as reivindicações – pelo contrário, queremos lidar com elas da forma mais democrática possível”, disse.

Lula acrescentou que a legislação existe para todos e que é preciso “obedecer às regras do jogo democrático se quisermos viver tranqüilos”. Lula também criticou os tucanos ao dizer que o PSDB governa São Paulo “há mais de 10 anos” e já poderia ter resolvido o problema do Pontal do Paranapanema.

Sobre a reclamação do ministro do desenvolvimento agrário, Miguel Rossetto, de que falta verba para os assentamentos, Lula disse que os recursos serão liberados de acordo com o possível e previsto no orçamento. “Estamos preocupados com a questão e vamos tentar arrumar o dinheiro possível para fazer os assentamentos possíveis.” O presidente fez uma comparação dizendo que ministros são como filhos, “que sempre querem mais dinheiro do que têm”.

Lula também decidiu adiar sua viagem à África, agendada para a próxima semana, para acompanhar de perto as últimas negociações sobre as reformas, especialmente a da Previdência. O adiamento da viagem para novembro foi oficializado em nota, nesta tarde, pelo Ministério das Relações Exteriores. Lula visitaria Moçambique, África do Sul, Namíbia, São Tomé e Príncipe e Angola. “O presidente da República se viu na contingência de tomar essa decisão em função do momento crucial por que passam as reformas, em particular a da Previdência”, diz o Itamaraty.

Inicialmente, a previsão era de que a reforma da Previdência, que irá a plenário como PEC (Proposta de Emenda à Constituição) número 40, seria votada na próxima quinta-feira, dia 7, data em que o relator da outra reforma, a tributária, deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), apresentará seu relatório.

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