Lula diz que hoje está diferente de 2002

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera ?distintos? os programas de governo de quem é candidato, como ele era em 2002 e como são seus adversários em 2006, e de quem busca uma reeleição. ?Quem está no governo não inventa coisas?, destacou. ?Ele fala o que está fazendo e propõe o que pode fazer num mandato de quatro anos?, comparou, durante entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, ontem, ao se referir ao programa para o segundo mandato que apresentou na terça-feira, com metas mais genéricas do que numéricas.

?Eu estou tranqüilo com o programa porque ele foi pragmático, ele foi muito prático? sustentou Lula, assegurando que cumpriu o que havia prometido em 2002 e citando diversos projetos de desenvolvimento para o período de 2007 a 2010, como a indústria naval no Rio Grande do Sul, a refinaria de Pernambuco e o biodiesel. ?O programa é a fotografia do que é o País hoje e o Brasil que queremos amanhã, um Brasil possível de ser construído.?

Na mesma resposta ao entrevistador Joabel Pereira, Lula aproveitou para dizer que quando tomou posse ninguém tinha certeza do que seria o futuro do Brasil. Garantiu que ?hoje nós temos? porque a economia está equilibrada. Na seqüência, disse que só falta o passo seguinte, dando a entender essa etapa corresponde a um matrimônio e à reeleição.

?Você está namorando há muito tempo, tá todo mundo apaixonado, e agora é só marcar a data do casamento?, afirmou, para dizer que a data do casamento é 1.º de outubro (dia da eleição). ?Se o povo quiser, haverá o casamento e nós poderemos ter um País muito mais feliz porque as condições estão dadas para o Brasil dar o seu salto, se tornar um país desenvolvido, sério, que tenha distribuição de renda e que tenha muitos investimentos na educação.?

Apesar das comparações, o presidente não quis considerar o ?casamento? assegurado. Ponderou que há experiências de casamentos que ?na hora do altar, não acontecem?. E mostrou-se cauteloso ao comentar a negociação antecipada de uma agenda política, proposta pelo ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, para pontos como reforma política e fim da reeleição para 2007. Disse que prefere ?primeiro a bênção do povo? para começar a fazer acordos.

Só fatores ?extraterrestres? impedirão

Foto: Arquivo/O Estado

Lula e as promessas: se não cumprir, é problema dos ETs.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato da Coligação A Força do Povo (PT) à reeleição, disse ontem que só fatores ?extraterrestres? o impedirão de cumprir promessas de campanha. Em discurso de cerca de 30 minutos a uma platéia de educadores, ele reconheceu, no entanto, as limitações do poder para garantir melhorias sociais. ?Tenho até dúvidas se a gente conseguirá fazer tudo, mas de uma coisa podem ter certeza: não será por falta de esforço, compromisso e lealdade aos princípios que me fizeram chegar à Presidência que não vamos cumprir?, afirmou. ?Se a gente não cumprir, é porque houve fatores ?extraterrestres?.?

No início do governo, no auge da popularidade e usufruindo de prestígio em diferente meios da sociedade, Lula recorreu a fenômenos da natureza para assegurar que iria fazer as reformas da previdência e do sistema tributário. ?Podem estar certos de que não tem chuva, geada, terremoto, cara feia, Congresso e Judiciário (…) capazes de impedir que a gente faça este País ocupar lugar de destaque?, disse à época, num evento da Confederação Nacional da Indústria.

Ao abrir o I Congresso Interamericano de Educação em Direitos Humanos, num hotel de Brasília, Lula voltou a atacar o PSDB. O presidente fez questão de observar que São Paulo não conseguiu boa colocação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), numa crítica indireta ao candidato tucano à Presidência e ex-governador paulista, Geraldo Alckmin. ?O maior Estado da federação, o mais rico, ficou em oitavo lugar, significando que, em termos de educação, estamos precisando melhorar muito o País? afirmou Lula.

O presidente disse que São Paulo não aceitou participar de uma avaliação feita pelo Ministério da Educação no ensino de 4.ª a 8.ª séries. ?São Paulo não participou, possivelmente, com medo que a gente detectasse que a propaganda da qualidade da educação não fosse tão boa quanto se dizia.?

O candidato à reeleição também reclamou da Justiça Eleitoral, que teria proibido o governo de distribuir cartazes convidando estudantes a participarem das Olimpíadas da Matemática. De acordo com o presidente, ainda assim, só neste ano 14 milhões de estudantes se inscreveram para o concurso.

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