Foto: Roosevelt Pinheiro/Agência Brasil

 Lula: discutir a comida que "enche o bucho".

continua após a publicidade

Ao discursar em reunião do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada na semana passada, afirmando que a política econômica nunca foi um empecilho para a política social e que os dados mostram isso.

Enfático, Lula repetiu várias vezes que os integrantes do governo e de entidades como o Consea precisam se armar das informações sobre os êxitos da política social para que tenham orgulho do que está sendo feito. Lula disse que a Pnad, por exemplo, não mostrou nenhum dado negativo e que estava particularmente feliz com os resultados das pesquisas.

O presidente disse que esses dados deixaram seus adversários políticos surpresos. Ao cobrar mais informação dos integrantes do governo sobre as ações, Lula estava respondendo a uma conselheira do Consea que momentos antes reclamara da política econômica e da falta de recursos para alguns programas.

"É preciso que os companheiros tenham as informações corretas. A política econômica nunca foi empecilho para a política social. Queria que entendessem esse momento, comparado a 30, 40 anos, em que temos esse conjunto de fatores positivos combinados entre si", disse Lula, citando o aumento das exportações, a geração de empregos, o controle da inflação e acrescentando:

continua após a publicidade

"E agora começamos a reduzir a taxa de juros. É preciso que a gente não diminua as nossas conquistas. Ficamos sempre discutindo a comida que falta na mesa, e não aquela que enche o bucho".

Lula respondia indiretamente à conselheira Maria Emília Lisboa Pacheco, que falou em "vozes contrárias da política econômica", citando dificuldade de obtenção de recursos para o programa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) para compra de alimentos de agricultores.

continua após a publicidade

Ao ressaltar os avanços da política econômica, Lula disse que não iria entrar num debate sobre o tema porque há muita coisa a ser discutida. Numa reação às críticas ao governo, o presidente disse que "é sempre mais fácil fazer o discurso mais fácil". Ao falar dos avanços na área social, Lula dessa vez não criticou a imprensa e chegou a ler as primeiras páginas de jornais com notícias sobre o resultado da Pnad.

"Imagine que vocês estão visitando um país imaginário e lêem o jornal. Esse país imaginário que estamos vivendo é o Brasil. Não tem um único dado da Pnad que não seja positivo. Isso demonstra porque os nossos adversários políticos ficaram tão surpresos e esses resultados só não foram maiores porque o ano de 2003 foi apertado", disse.

O presidente citou o Bolsa-Família e principalmente o aumento de recursos e pessoas beneficiadas pelo Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar). E, mais um vez, reforçou a necessidade de capitalizar esses dados em favor do governo. "Lógico que precisamos mais, mas temos só 36 meses de governo. É importante que o pessoal saia armado das informações para que se sinta orgulhoso do que fez", disse. Já o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, disse que seu ministério nunca foi prejudicado pela área econômica, afirmando que não sofreu contingenciamento e que vai fechar o ano com um orçamento de R$ 17 bilhões.