Lula: queda de Ciro dá folga ao petista, que recupera vantagem perdida. |
Campinas – O candidato Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Campinas, que não sabe sobre o que o presidente Fernando Henrique Cardoso quer conversar no encontro com os candidatos à Presidência marcado para as 13h de amanhã, em Brasília. “Se eu soubesse, não precisava ir lá”, disse, bem-humorado. Mesmo assim, confirmou que pretende passar o dia de hoje se preparando para a reunião “com o homem”.
Lula chegou a Campinas atrasado para uma entrevista à afiliada local da Rede Globo. Deveria estar na emissora às 11 h, mas chegou pouco depois do meio-dia. A prefeita de Campinas, Izalene Tiene (PT), acompanhou o candidato, escoltado por uma viatura da Polícia Federal. Ele explicou que a escolta é garantida aos candidatos na legislação eleitoral.
Sabatina
Questionado por repórteres de emissoras do interior de São Paulo que transmitiram a entrevista simultaneamente, durante 20 minutos ele falou sobre assuntos específicos de cada região. Mas também abordou temas nacionais. Garantiu que o apoio não declarado do presidente do PL em Alagoas, João Caldas, a Fernando Collor (PRTB), em detrimento do candidato do PT, Judson Cabral, não o incomoda. “Eu não tenho nenhum poder sobre o partido, que em São Paulo apóia Maluf (Paulo Maluf – PPB) e no Rio o Garotinho (Anthony Garotinho -PSB). A aliança nacional com o PL é importante porque tenho o vice mais extraordinário que poderia ter na campanha”, alegou Lula.
O candidato também não rechaçou os elogios que recebeu de Maluf. “Quem não gosta de ser elogiado? Fiquei zangado 20 anos com ele. Jamais imaginei que ele falaria bem de mim, apanhei tanto da polícia do Maluf na porta da Volkswagen… Ele acha que eu melhorei. Eu acho que melhorei”, disse. Sobre se elogiaria Maluf, respondeu que o candidato do PT em São Paulo é José Genoíno.
Lula disse que uma minirreforma tributária é urgente para recuperar a economia e criticou o governo por não insistir na votação do projeto, parado desde 2000 no Congresso Nacional. Ele citou três pontos urgentes da minirreforma: desonerar a produção, desonerar a exportação e acabar com o efeito cascata do PIS e Cofins. “Depois disso, iremos negociar uma reforma definitiva no País”, afirmou.
Reforma tributária
Em discurso a cerca de 150 militantes que estavam em frente à emissora de televisão, Lula afirmou que a “situação do Brasil é muito complicada” e que o governo tem “agido de forma irresponsável” ao adiar a votação da reforma tributária. “Nunca aconteceu, nem na moratória decretada pelo ex-ministro Dílson Funaro, de os bancos estrangeiros cortarem créditos para exportadores do Brasil”, lembrou.
O candidato insistiu que o Brasil “não pode ser tratado como republiqueta de bananas, como água benta de igreja, em que todo mundo põe a mão”. Alegou que o PT é “cotista do FMI”, mas que quem vai decidir os rumos do País é o governo. “O governo não é o FMI”, enfatizou.
Lula disse aos militantes que se preparou “espiritualmente, psicologicamente e programaticamente para essa campanha” e afirmou que “não irá perder o humor, a não ser com o pessoal com quem trabalha internamente no partido”. Acrescentou que o que fará o PT ganhar as eleições deste ano será justamente a experiência administrativa, e criticou afirmações de Garotinho de que ele nunca ocupou um cargo executivo.