O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou nesta quarta-feira (28) no Haiti preocupado com a situação política, econômica e social do país e disposto a pedir ajuda internacional para a nação nos encontros com dirigentes de outros países que terá em El Salvador, amanhã (quinta/29), e em Roma, na próxima semana, em conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Segundo assessores, Lula terá reunião com alguns ministros, ao regressar ao Brasil, para discutir como o governo poderá ampliar o apoio ao Haiti, especialmente na implementação de programas sociais e na melhoria da agricultura familiar. Uma das idéias, segundo um ministro integrante da comitiva presidencial, é de, aproveitando a experiência do Bolsa Família, colaborar na elaboração de um cadastro para doações de comida.
O governo brasileiro gastou US$ 200 mil para adquirir 150 toneladas de alimentos, parte das quais foi distribuída pela embaixada brasileira ontem, na véspera da chegada do presidente. Os alimentos irão atender 10 mil famílias, selecionadas por lideranças das comunidades locais. O presidente da República chegou acompanhado de cinco ministros e outros cinco ministros já o aguardavam em Porto Príncipe, capital do Haiti. Lula iniciou na tarde de hoje uma reunião com o presidente René Préval no Palácio Nacional, onde irá firmar três acordos de cooperação na área agrícola e no combate à violência contra a mulher. Lula fará, mais tarde, uma visita às tropas brasileiras que formam o batalhão da Organização das Nações Unidas (ONU).
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, reafirmou a disposição do governo de engrossar o contingente de 1.200 soldados brasileiros da Força da ONU no Haiti com mais 100 militares da área de engenharia, que iriam trabalhar principalmente em obras de infra-estrutura. Segundo ele, caso o Congresso aprove o novo contingente, o governo colocaria os 100 novos militares no Haiti em um mês. Jobim reiterou não haver data para o Brasil deixar o Haiti. "Falar em sair é uma agenda que não existe. Não está nos planos do Ministério da Defesa e nem do governo. A necessidade de ficar é uma obrigação do Brasil", acentuou, lembrando o caos que ocorreu no Timor Leste após a saída das tropas brasileiras da ONU.
O ministro da Defesa relatou, em contatos com funcionários da ONU no Haiti, que existe a preocupação de que a situação do país se agrave em setembro, época de pagamento das mensalidades escolares – no Haiti, 90% das escolas são privadas. De acordo com Jobim, os haitianos terão de optar entre pagar a escola dos filhos ou comprar comida. O Haiti enfrenta escassez de alimentos inflação alta e está sem primeiro-ministro. A população foi às ruas, recentemente, protestar contra o aumento dos preços dos alimentos.