O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçará no fim de semana as articulações em busca de votos para aprovar no plenário do Senado a emenda constitucional que prorroga a vigência da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Lula, que estará no Rio de Janeiro no sábado e em Buenos Aires no domingo, assumiu ontem à noite, durante reunião com a cúpula do PMDB no Palácio do Planalto, o compromisso de participar das negociações. Segundo fontes do governo, ele deverá fazer contatos por telefone com senadores.
Os líderes do governo e da oposição avaliam que a emenda seria derrubada se fosse votada nesta quinta-feira (6). Diante desse cenário pessimista para o governo, a expectativa é a de reverter votos até terça-feira, quando a emenda constitucional deverá ser votada em primeiro turno pelos senadores. Pelas contas dos aliados do Planalto, o governo tem 46 votos, o que é insuficiente para ganhar, pois, como se trata de emenda à Constituição, são necessários 49 dos 81 votos para aprová-la.
A idéia é convencer senadores da base aliada, sobretudo do PR e PTB, a votarem com o governo. Estão incluídos na lista de Lula os senadores César Borges (PR-BA) e Romeu Tuma (PTB-SP), que reafirmaram a intenção de votar contra a CPMF. O senador Expedito Júnior (PR-RO) também está na mira do governo, mas ele insiste em afirmar que não mudará o voto. Outro senador do PTB, Mozarildo Cavalcanti (RR), já é considerado "caso perdido", uma vez que faz oposição acirrada, no seu Estado, ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), que no Senado é o líder do governo Lula.
O líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse que, nos próximos quatro dias, o trabalho de convencimento será reforçado pelos líderes e ministros. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), que publicou uma declaração de voto contrário à CPMF, já teria recuado da posição e decidido votar em favor da renovação do chamado "imposto do cheque".
Enquanto os governistas vêem risco de derrota, os oposicionistas estão otimistas. Pelos cálculos do líder do DEM (ex-PFL), senador José Agripino (RN), a oposição teria o apoio de 35 senadores, o que já garantiria a vitória contra o governo, que, nesse caso, conseguiria no máximo o apoio de 46. "O voto se cristalizou", afirmou Raupp.