Lula demite presidente do BNDES por indisciplina

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu demitir o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, e os diretores por ele indicados, como o vice-presidente do banco, Darc Costa. A razão maior é a indisciplina verbal de Lessa. “Não dá mais. O Lessa não tem jeito”, disse Lula, ao comentar sua decisão, de acordo com um auxiliar. “O Lessa é um cabra marcado para morrer”, acrescentou o assessor.

Lula informou a parlamentares, ministros e governadores que já havia tentado demitir Lessa outras vezes, mas sempre recuou por causa de pedidos de aliados. Da última, o presidente do BNDES foi salvo da degola pelo governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), que deixou seu Estado e foi se encontrar com o presidente em Brasília para aumentar a força de seus argumentos a favor de Lessa.

Mas, agora, Lula fez a comunicação aos auxiliares e ao próprio presidente do BNDES, o que teria levado Lessa e Darc Costa a anteciparem-se ao anúncio público da demissão e concederem duas agressivas entrevistas, nas quais atacaram com violência o Ministério da Fazenda, o Banco Central e seus titulares, Antônio Palocci, e Henrique Meirelles.

“A política monetária conduzida por Henrique Meirelles tem a plena aprovação do presidente Lula. Quem atacá-la fere o próprio presidente. É inadmissível um funcionário assumir papel de franco-atirador e sair atirando contra o governo que serve. O Banco Central vive de credibilidade e não pode ficar exposto a ataques desrespeitosos”, afirmou ontem o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), presidente da Comissão de Orçamento do Congresso.

A irritação de Lula com as vingativas palavras de Lessa aumentou quando o presidente do BNDES levantou suspeitas graves contra Meirelles. Disse que não sabia se Lessa é o financiador da orquestra (de desmontar o banco), mas sim que é o regente. Na quarta-feira, em entrevista na Embaixada do Brasil em Buenos Aires, o vice-presidente Darc Costa, no mesmo tom agressivo, afirmou que a intenção do Ministério da Fazenda de reduzir os créditos dirigidos “é uma volta ao neoliberalismo”.

Ministros influentes, como o da Casa Civil, José Dirceu, e o da Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, que já defenderam Carlos Lessa, deixaram de fazê-lo, nem tanto pelas queixas de empresários de que sua gestão é inoperante, mas por causa de sua crescente e destrutiva agressividade verbal contra a Fazenda e o Banco Central. Gushiken tem dito a interlocutores que há impaciência crescente em todo o governo com a indisciplina verbal de Lessa. Ontem o dólar caiu e o mercado financeiro teve bom desempenho, refletindo descaso com as declarações do presidente do BNDES, que já são tidas como banalidades.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo