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Manifestantes contra Lula:
mobilizados pelo PSTU e pelo PSOL.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou sob vaias e aplausos, na manhã de ontem, no Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, durante o lançamento da campanha "Chamada Global para Ação contra a Pobreza". Ele ressaltou a importância das relações que o Brasil tem costurado com países do terceiro mundo, especialmente da América Latina, e a necessidade de se criar uma "nova geografia comercial". Lula disse que, "para a desgraça de alguns", houve avanço nos últimos dois anos. Em pelo menos quatro momentos, Lula respondeu às vaias de parte das cerca de dez mil pessoas que lhe assistiram. As vaias vinham de um grupo com camisetas do PSTU e do PSOL – partidos formados por ex-petistas.

Porto Alegre – Lula lembrou o recorde batido pelo País nas exportações, pela produção da indústria automobilística e a taxa de desemprego de 2004, que ficou em um dígito pela primeira vez desde 2001 (9,6%, segundo o IBGE), e disse que é preciso paciência para esperar pelos resultados positivos de seu governo. "Eu sou um homem perseverante. Tem gente que acha que as coisas podem ser feitas antes do tempo. Eu acho que tem que ter preparação", disse. O presidente também ressaltou a necessidade de a integração latino-americana passe do discurso para a prática, defendendo obras de infra-estrutura para interligar a região. Lula disse que se dependesse de uma parte dos empresários do Brasil e da Argentina, não haveria relações comerciais entre os dois países. Logo no início de seu discurso, Lula cometeu uma gafe e confundiu, mais de uma vez, o nome do presidente Néstor Kirchner com o do ex-presidente Carlos Menem. O presidente disse que seu governo sofre muita "urucubaca" e respondeu às vaias dizendo se tratar de "filhos do PT que se rebelaram". Segundo ele, o ato é "próprio da juventude". "Um dia eles amadurecerão e nós estaremos de braços abertos para recebê-los", afirmou. "Esse barulho que vocês estão ouvindo agora (as vaias) eu ouço desde 1975. Meus ouvidos já estão calejados. É um gesto democrático que vem pela boca daqueles que não têm paciência para ouvir a verdade", concluiu.

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Convocados para abafar vaias

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Porto Alegre – O PT começou às 6 horas de ontem a preparação para o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcado para as 9 horas, no 5.º Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre. Ansiosos para evitar as prometidas vaias, dirigentes do partido estavam de manhã cedo no Ginásio Gigantinho, onde Lula falou no lançamento da campanha "Chamada Global para Ação contra a Pobreza".

Dias antes, uma operação de guerra havia começado, para atrair simpatizantes, distribuir 11 mil camisetas e bandeiras e assegurar que os espaços do ginásio fossem tomados por petistas e não pela oposição, que prometia fazer barulho. As manifestações de desagrado ainda apareceram, mas foram, a maior parte do tempo, abafadas pelos gritos e aplausos a favor do presidente – incluindo o "Lulalá", hino da primeira campanha à Presidência. Parte dos opositores ficaram do lado de fora, barrados pelos petistas que chegaram de manhã cedo ao Gigantinho. Apesar dos portões só terem sido abertos às 8 horas, antes começaram a chegar os primeiros partidários do presidente, vestindo as camisetas vermelhas com "100% Lula" escrito, distribuídas no dia anterior.

Há cerca de uma semana, a secretaria de mobilização do PT começou a convocar aliados nos diretórios municipais e regionais, sindicatos e movimentos sociais. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também ajudou. Da região metropolitana da capital gaúcha, chegaram vários ônibus lotados de sindicalistas.

Também apareceram dirigentes de vários estados. Quarta-feira, durante a passeata de abertura do FSM, o partido distribuiu cerca de 7 mil camisetas e 12 mil bandeiras. Hoje, outras 4 mil camisetas foram entregues.

"O PT não ficou na defensiva", afirmou o presidente nacional da legenda, José Genoino, confirmando que foi feita uma convocação. "O PT é um partido de mobilização. Há muitos petistas no Fórum Social Mundial. Fizemos um chamamento para que assistissem à manifestação do maior líder do partido", disse.