Lula decidiu: não vai dar bola para bicada de tucano

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Outra coisa que Lula quer evitar
são os improvisos.

Brasília – Em conversas nos últimos dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não cairá mais no que chamou de provocações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem criticado constantemente a administração petista. Para mais de um interlocutor o presidente garantiu que não deve mais responder aos ataques do tucano. Vai evitar também os discursos de improviso, nos quais mais erra, mas não garante que deixará de fazê-los.

No discurso de improviso que fez em Jaguaré, no Espírito Santo, há dez dias, Lula disse que no começo de seu governo mandou um "alto companheiro" se calar sobre denúncias de corrupção na administração Fernando Henrique. Foi uma reação a críticas recentes do antecessor. Agora, a ordem no Planalto é tratar os ataques como uma questão política. Para isso, serão escalados petistas como o presidente do PT, José Genoino, para responder ao tucano.

A crise política provocada pelo improviso de Lula serviu como um sinal vermelho para o atual comportamento do presidente. No fim de semana passado e na viagem ao Uruguai, o próprio Lula admitiu o erro e chegou a fazer um mea-culpa em desabafos com amigos, mostrando-se preocupado com o episódio. Mesmo assim, considerou exagerada a repercussão, o que, segundo ele, acabou favorecendo Fernando Henrique.

Para antigos amigos de Lula, o presidente está isolado. Atualmente, pouquíssimos assessores e ministros contestam o chefe. Esse ambiente de total concordância, segundo eles, está sendo prejudicial a Lula, que fica sem um parâmetro crítico para decidir. O ex-secretário de Imprensa Ricardo Kotscho costumava fazer esse papel. Na área política, apenas o chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, costuma contrariar o chefe. Para um deputado petista que compartilha da intimidade de Lula, instalou-se um "clima de puxa-sacos" no Palácio do Planalto, o que estaria privando Lula de análises mais sinceras.

Na semana passada, Lula economizou discursos. Mas isto não significa que esta será a tônica do presidente daqui para a frente. Depois de Jaguaré, Lula fez discurso apenas no congresso da Contag, na segunda-feira. Foi de improviso e ele manteve o estilo de contar histórias. Nada comprometedor e bem parecido com outros discursos que já fez para trabalhadores rurais.

Lula tem demonstrando sua insatisfação com os discursos escritos. Por isso, muitas vezes, deixa o texto de lado e arrisca o improviso. Alguns assessores já defendem que Lula receba apenas tópicos para balizar suas falas. Isso evitaria um risco maior nos improvisos. Mas, ao que tudo indica, pouca coisa vai mudar nesse quesito, apostam ministros e assessores.

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