Foto: Domingos Tadeu/Agência Brasil |
Lula na posse dos novos ministros: ?Sou o único que não posso reclamar do meu salário de R$ 8 mil?. |
Brasília – Em uma concorrida cerimônia, no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva empossou ontem três novos ministros de áreas consideradas importantes pelo governo, por serem responsáveis por ações sociais fundamentais: o deputado Geddel Vieira Lima, na Integração Nacional, José Gomes Temporão, na Saúde, ambos peemedebistas e o petista Tarso Genro, no Ministério da Justiça.
Nos 19 minutos do discurso de improviso para um salão lotado de convidados, o presidente Lula não deu nenhuma orientação política nem técnica sobre o que espera dos novos colaboradores. Preferiu fazer chiste, falar de futebol e reclamar dos salários do serviço público, dizendo que os que aceitam tais vencimentos são ?heróis?, mas reconheceu que é o torneiro mecânico mais bem pago do País. ?Alguns pagam para ser ministros, essa é a pura verdade?, afirmou. ?Eu digo isso de cátedra. Sou o único que não posso reclamar do meu salário de R$ 8 mil que não tem nenhum torneiro mecânico no País que ganha isso por mês.?
Lula defendeu a nova equipe ministerial e assegurou que o governo não perdeu qualidade. Mais uma vez, usando o futebol como metáfora, comentou a qualidade de seus ministros, comparando-os a um time de futebol no tempo do Botafogo de Garrincha e de Didi, do Santos do Durval e Mengálvio e do Flamengo do Zico e do Nunes. ?Você tira um bom e tem outro bom para entrar. Você não piora a qualidade do time, mas aperfeiçoa. É uma mudança apenas da tática que o técnico tem de fazer.?
O presidente, no entanto, deixou claro que alguns nomes deixam o governo contra sua vontade. É o caso de Márcio Thomaz Bastos, que se despedia da Justiça, que Lula chamou de ?cabeça equilibrada? nos últimos quatro anos e que teve sua isenção e qualificação profissional reconhecida até pela oposição. ?Todo mundo sabe que o Márcio está saindo porque ele cansou de ser ministro, mas não cansou da vida?, comentou.
Em tom de brincadeira, Lula disse que Márcio precisará continuar a defendê-lo, de graça, como fazia nos tempos de sindicalismo, depois que deixar a presidência. ?Certamente, ele vai continuar sendo meu advogado porque, quem já foi presidente, governador e prefeito, sabe que os processos contra a gente aparecem quando a gente não tem mais o mandato?, completou. ?Márcio, muito obrigado, querido, muito obrigado mesmo.? Para o novo ministro, Tarso Genro, Lula apenas desejou ?sorte? e lhe avisou que ?o jogo é duro?.
O presidente Lula também dedicou um trecho de seu discurso ao deputado peemedebista Geddel Vieira Lima, ex-anão do orçamento que não teve seu nome incluído no relatório, na época, graças a ação do ex-deputado Luiz Eduardo Magalhães, sugerindo que, agora, seu passado não importa.
Depois de citar que ele ?é o exemplo mais forte? da coalizão do governo, acrescentou: ?é a demonstração inequívoca de que quando falamos em coalizão, falamos para valer, porque se a gente fosse analisar apenas o que as pessoas fizeram hoje, sem pensar no que as pessoas vão fazer amanhã, a gente não teria acordo em muitas das coisas que a gente faz com os partidos?.
E prosseguiu: ?a felicidade de alguém que exerce um segundo mandato, é que eu não tenho tempo de pensar em hoje e eu estou com a minha cabeça preparada para pensar no amanhã, depois de amanhã, no mês seguinte, porque o Brasil não pode esperar?.