Foto: Marcello Casal JR/ABr |
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado do primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende continua após a publicidade |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva que está desde ontem na Holanda, cumpriu vários compromissos diplomáticos naquele país. Pela manhã, ele foi recebido pela rainha Beatrix, no Palácio Noordeinde, onde esteve hospedado com a primeira-dama, Marisa Letícia. No roteiro dessa viagem de quatro dias, consta ainda sua passagem pela República Tcheca.
No encontro com o primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, o presidente Lula defendeu o aumento da produção mundial de alimentos. Lula ressaltou que desde o final do ano passado o governo vem acompanhando o aumento da inflação e que esse movimento vem ocorrendo em vários países do mundo, como na China, no Chile e países da Europa.
"Isso tem uma razão: os pobres do mundo estão começando a comer mais. Tem mais chineses comendo, tem mais brasileiro comendo, tem mais africano comendo, e isso tudo faz crescer a pressão por alimentos", afirmou Lula acrescentando que "O que precisamos é produzir mais".
Segundo o presidente, no caso do Brasil a pressão inflacionária ocorre principalmente por causa de dois produtos: feijão e leite. Segundo ele, dos 4,5%, que é a meta da inflação fixada pelo governo para este ano, o feijão e o leite respondem por 0 7% e que se não fossem esses dois produtos, o índice seria de 3 8%.
"E são dois produtos que temos competência para produzir em maior escala. Temos terra e uma cultura que em 90 dias se planta e colhe", ressaltou.
Biocombustível
"O mundo precisa produzir mais alimentos", defendeu o presidente que reagiu às declarações de que o Brasil estaria deixando de plantar alimentos para plantar cana-de-açúcar e produzir combustível. "Não me venham com discurso de que o problema são os biocombustíveis", afirmou. Para ele, não há nenhuma relação entre esses dois assuntos. "Nós não temos esse problema no Brasil", ressaltou o presidente, lembrando que o País tem 850 milhões de hectares de terra e que destes, 400 milhões são agricultáveis.
Foto: Marcello Casal JR/ABr |
O presidente Lula se reuniu com os presidentes da Câmara, deputada Gerdi Verbeet, e do Senado, Timmerman Buck |
O presidente Lula defendeu a sustentabilidade dos biocombustíveis no encontro que teve com as presidentes da Câmara e do Senado da Holanda. Ele concordou que não deve haver a substituição de alimentos por plantação de cana-de-açúcar, por exemplo, e disse que a concorrência entre alimentos e biocombustíveis não acontece no Brasil.
"O Brasil tem muito espaço, não precisa desmatar", afirmou Lula. O presidente comparou a cana-de-açúcar do Brasil e o milho usado nos Estados Unidos para justificar que o biocombustível brasileiro é mais sustentável.
Lula lembrou que a União Européia decidiu até 2020 introduzir 10% dos biocombustíveis como matriz energética. Ele ressaltou que o Brasil já domina a técnica na produção de biocombustíveis, como o etanol, e destacou a importância desse tipo de desenvolvimento de projeto para ajudar outros países a se desenvolverem nessa área. Para o presidente Lula, os biocombustíveis são a "esperança de modelo de desenvolvimento" para a África, América Latina e países asiáticos. "É só olhar o Haiti hoje o quanto se beneficiaria se ali fosse produzido esse tipo de produto.
Antes, o primeiro-ministro holandês havia dito que considera normal os países europeus terem preocupação com a sustentabilidade dos biocombustíveis. Ele citou que a Holanda tem uma preocupação especial com essa questão, porque o país é muito suscetível a qualquer mudança climática.
Brasil
Na ocasião, Lula destacou o bom momento que vive o Brasil. O presidente brasileiro disse que esse momento especial do Brasil se deve à combinação do crescimento do mercado interno com o externo; pelo crescimento da economia com inclusão social; e crescimento da economia com inflação baixa. Ele aproveitou e defendeu uma parceria maior com a Holanda, seja na área da indústria, da ciência, e do comércio, assim como o aprofundamento das parcerias na área de biocombustíveis.
Pedófilos
Luis Inácio Lula da Silva propôs ainda um acordo de extradição de pedófilos com Holanda. Esse acordo proposto pelo presidente Lula deve permitir que pessoas condenadas a crimes como o da pedofilia possam ser julgadas no Brasil. No ano de 2005, dois holandeses foram presos no Brasil por crime de pedofilia. Os respectivos passaportes foram confiscados, mas mesmo assim os dois conseguiram um novo documento, no consulado da Holanda e fugiram para aquele país. Recentemente, os dois holandeses foram condenados a 17 anos de prisão, no Brasil, mas não responderam pelo crime, porque estão fora do país.
"Vamos introduzir novas regras, um acordo jurídico de cooperação entre os dois países", informou Lula, na declaração conjunta com o primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende. Para o presidente, a pedofilia é um crime inadmissível, seja praticada por holandês ou brasileiro. "As pessoas têm de ser punidas de verdade. É uma violência muito dura contra a criança", disse o presidente. Ele lembrou que o governo holandês já pediu desculpas ao governo brasileiro pelo fato de o consulado daquele país ter permitido um novo passaporte aos dois criminosos.
Nesta quinta-feira, o presidente se reuniu ainda com empresários na sede da empresa Phillips, em Amsterdã. À noite, Lula deve retornar a Haia, onde deverá ser homenageado com um banquete de Estado, no Palácio Noordeinde.