O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a defesa pública do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Disse que a crise se arrasta por culpa da oposição e o tumulto político decorrente do processo que ameaça o mandato do senador não causou prejuízos aos projetos de interesse do governo no Senado. ?O problema com o Renan não prejudicou em nada até agora. O Senado está votando tudo. Votou um monte de coisas na semana passada?, argumentou Lula no fim do almoço que o governo ofereceu ao presidente do Benin, Boni Yaji, no Itamaraty.
O próprio Renan repete que o Senado apreciou 207 proposições desde que estourou a crise, em 25 de maio, com a denúncia de que ele teria despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Deste total, 191 propostas foram aprovadas, inclusive 17 medidas provisórias.
No almoço, Lula avaliou que o Senado poderia ter resolvido o caso em uma semana. ?Não resolveram porque queriam criar caso. É o típico caso do quanto pior melhor?, criticou.
A frase irritou a oposição. ?Isto mostra a visão caolha de Lula, que não enxerga o Congresso com os mesmos olhos com que a sociedade o vê?, protestou o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN). ?É Lula que não enxerga o que o Brasil está enxergando: o Senado sangrando e exigindo investigação justa de veredicto rápido.? Ele está convencido de que a demora no julgamento decorre da procrastinação e das denúncias novas que surgem.
Renan, que almoçou no Itamaraty à mesma mesa dos dois presidentes, ao lado da primeira-dama, Marisa Letícia, não se surpreendeu com a defesa. ?Lula já fez isto umas quatro ou cinco vezes. Demonstra que, mais do que uma relação política, temos uma relação pessoal.?