Lula crítica setor aéreo e quer reunião com empresários

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado (17) que a aviação comercial na América do Sul é "um desastre". Em encontro com empresários brasileiros e peruanos, Lula disse que terá "uma conversa séria" com o setor aéreo brasileiro quando voltar ao Brasil. "Tudo o que eu não quero é que eles sejam tão inoperantes nessa área que comecem a fomentar na minha cabeça a idéia de que o Estado vai ter de criar uma nova empresa. Eu não quero fazer", disse.

Em discurso, Lula disse, em um trecho de improviso, que a falta de linhas áreas entre as principais cidades do subcontinente impedem o maior intercâmbio e mais investimentos entre os países sul-americanos. Ele lembrou que para um brasileiro chegar a Angola, na África, precisa antes passar por Londres e para ir ao Equador, às vezes, é necessário realizar conexão em Miami, nos Estados Unidos. "A questão da aviação na América do Sul é um desastre. É um desastre", disse. "Não é possível a dificuldade que temos para voar (do Brasil) para a América do Sul. E para a África, é quase impossível", reforçou.

Diante da situação, Lula disse que, quando retornar ao Brasil, pretende reunir o setor aéreo brasileiro para tratar do tema. "Temos que chegar ao Brasil e juntar os empresários da aviação e ter uma conversa séria com eles", disse. O relato foi feito ao presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.

Lula defendeu "mais ousadia" dos empresários do setor aéreo e afirmou que é preciso investir, especialmente em linhas aéreas para novos mercados. "É inconcebível a quantidade de reclamações (que ouço) de um ser humano que vai ao Brasil ou de um brasileiro que quer ir ao Peru. Tem que ter mais avião", reclamou.

Investimentos

O encontro de Lula com o presidente do Peru, Alan Garcia, foi marcado pela cobrança de investimentos brasileiros naquele país. Garcia reclamou que o Brasil não estava olhando para o Peru e que, atualmente, os investimentos brasileiros estão indo principalmente para os vizinhos Venezuela e Colômbia. "A Petrobras caminha lentamente aqui, presidente. Onde estão os investimentos em campos profundos", questionou Garcia. "Temos de fazer uma (linha) interoceânica aérea e aumentar os investimentos do Brasil no Peru. Ou será que não somos hospitaleiros. Será que somos feios", cobrou o presidente peruano.

Lula respondeu o reclamação ao defender investimentos das empresas brasileiras nos países da América do Sul, especialmente no Peru. Ele afirmou ainda que a Petrobras sofria da "síndrome do medo do ser grande", o que reduzia investimentos no exterior. O presidente também lembrou que as primeiras pontes ligando o Brasil ao Peru e à Bolívia foram construídas em seu governo. Aproveitou para lembrar que o intercâmbio comercial e cultural entre os países do continente é a principal plataforma da política externa brasileira.

Ainda sobre a reclamação de García sobre a falta de atenção brasileira com o Peru, Lula disse que o Brasil agiu nos últimos anos como um pai que precisa dar atenção para o filho que está com problemas na escola ou com a namorada. Segundo Lula, o Brasil deu mais atenção para países que estavam com mais conflitos e problemas. Os dois presidentes marcaram um encontro empresarial em julho ou agosto em São Paulo para discutir intercâmbio comercial.

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