Buenos Aires
– O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em pronunciamento na residência oficial de Olivos, do presidente argentino Eduardo Duhalde, que nos últimos anos, opções econômicas e políticas equivocadas, que não estavam de acordo com o interesse nacional, conduziram Brasil e Argentina a sucessivas crises, levando a desorganização a suas economias, nas duas últimas décadas, pela inflação, ou a recessão.Lula ressaltou que o capital estrangeiro produtivo é bem-vindo no Brasil. “Mas, para tentar superar as crises econômicas, acabamos por ficar dependentes dos fluxos financeiros internacionais e com isso diminuiu a capacidade de tomarmos decisões soberanas”, afirmou. Segundo o presidente eleito,” o Brasil ficou à mercê de especuladores, que muitas vezes “nem sabem direito onde os nossos países estão situados”.
O presidente eleito do Brasil tomou café da manhã e ficou cerca de 40 minutos conversando reservadamente com o presidente argentino Eduardo Duhalde. “Durante meio século, entre 1930 e 1980, o Brasil cresceu de modo acelerado, ainda que não tenha conseguido distribuir com igualdade seus avanços. Mas nas últimas décadas, o País ficou totalmente estancado.” Lula reafirmou seu apoio à Argentina e a intenção de priorizar o fortalecimento e expansão do Mercosul. “Minhas palavras iniciais são de agradecimento pela calorosa recepção que estamos recebendo. Decidi que minha primeira viagem ao exterior seria à Argentina para dar um significado preciso a este gesto. Nossa presença aqui visa expressar, antes de tudo, a irrestrita solidariedade a este extraordinário país irmão e vizinho. A nação argentina, como o Brasil, enfrenta dificuldades, mas ao mesmo tempo demonstrou coragem e determinação para superá-las”, disse Lula.
O futuro presidente brasileiro comparou em seu discurso as trajetórias de crescimento dos dois vizinhos sul-americanos. “Construimos um parque industrial, uma rica e variada agricultura mundialmente competitiva. Temos riquezas naturais e diversas fontes de energia. E acima de tudo, os trabalhadores criativos dos nossos países, por sua vontade de crescer, constituem o principal elemento que nos permitirá retomar o crescimento sustentável.”
O chefe de Estado do país platino agradeceu a escolha de Lula pela Argentina como primeiro destino internacional. “Quero expressar o reconhecimento e agradecimento de um gesto que valorizamos e não esqueceremos”, afirmou o presidente argentino. Após o pronunciamento, o presidente eleito e a comitiva petista que o acompanha em Buenos Aires almoçaram com Duhalde os ministros da Economia, Roberto Lavagna, e da Produção, Aníbal Fernández. A mulher do presidente eleito, Marisa, participou de um almoço paralelo, com a primeira-dama argentina Hilda “Chiche” González. Além de sua mulher Marisa, Lula viajou acompanhado dos senadores Aloizio Mercadante (PT-SP) e Idelli Salvati (PT-SC), do secretário-geral do PT Luiz Dulci, do porta-voz André Singer, do governador de Mato Grosso do Sul José Orcílio, o Zeca do PT, e do Secretário de Cultura da Prefeitura de São Paulo, Marco Aurélio Garcia.
Da Argentina, Lula seguirá para o Chile, hoje de manhã, com o mesmo objetivo de promover o Mercosul. Lula se encontrará com o presidente do Chile, Ricardo Lagos, no Palácio de la Moneda. No mesmo dia, Lula visitará a Cepa e se reunirá com os dirigentes do organismo. A próxima visita de Lula será a Washington, atendendo convite feito por George W. Bush.