Brasília – Em reunião realizada na quarta-feira à noite com a cúpula do PT, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, começou a traçar o destino de seus principais colaboradores. No jogo de xadrez que vem sendo montado, a novidade ficou por conta do deputado José Genoino (PT-SP), que deverá ficar com a Secretaria Nacional de Segurança Pública, ligada à Presidência. A pasta, que será criada no governo Lula, terá status de ministério e vai cuidar de áreas de grande tensão como o crime organizado e o narcotráfico.

A conversa de Lula com os dirigentes petistas, realizada na Granja do Torto, foi até as 2h de ontem. Durante o encontro, foi dito que os ministérios da Justiça, da Defesa e das Relações Exteriores devem ficar de fora das cotas do PT. A intenção de Lula é deixá-los longe das pressões políticas. Genoíno, que perdeu a disputa para o governo paulista, é um especialista em segurança e não irá mesmo para a Defesa. A Casa Civil, a ser ocupada pelo presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), terá papel reforçado, cuidando também do Congresso.

Estrutura

A equipe de transição do PT estuda vários organogramas do Palácio do Planalto, com destaque para o do governo de Ernesto Geisel (1974 a 1979). Foi com base nesse modelo que Lula decidiu criar um núcleo político para assessorá-lo no Planalto. “É uma estrutura mais operacional, na qual o presidente opera com mais gente ao lado dele”, disse um dirigente petista. “E essas mudanças são fáceis de fazer: não precisam de decreto, podem ser por canetada.”

O núcleo será integrado por petistas que tiveram papel de destaque na campanha. Na lista estão os economistas Guido Mantega e José Graziano da Silva; o secretário de Cultura da Prefeitura de São Paulo, Marco Aurélio Garcia; o coordenador-adjunto da transição, Luiz Gushiken, e o responsável pela agenda de Lula, Gilberto Carvalho, que atuará como uma espécie de chefe de gabinete.

Cotas

O coordenador da equipe de transição, Antônio Palocci Filho, tanto poderá ir para o Ministério da Fazenda como para o do Planejamento. Embora Palocci diga que “o Planejamento é uma possibilidade mais real”, a questão ainda não está fechada. Tudo depende de quem irá para o comando do Banco Central.

Para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior o mais cotado é mesmo o vice-presidente eleito José Alencar (PL-MG). Esta seria a cota do Partido Liberal na equipe. O de Minas e Energia deve ficar com o físico Luiz Pinguelli Rosa e a Saúde, com Adib Jatene.

Negociação

As cotas dos partidos aliados ainda estão sendo negociadas. O PPS pediu o Ministério da Previdência para o candidato derrotado Ciro Gomes e o PDT quer Leonel Brizola na Agricultura, possibilidade considerada remota. Os governadores petistas Olívio Dutra (Rio Grande do Sul) e Benedita da Silva (Rio) vão mesmo para a equipe de Lula. Olívio, que já chegou a ser mencionado para a Agricultura, pode ficar com Transportes. Já Benedita é lembrada para a Secretaria de Assistência Social, que deverá reunir todos os programas sociais do governo.

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