Lula colocou líderes da base em xeque, segundo França

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou os líderes da base em xeque na reunião de hoje do conselho político, afirmando estar "cansado dessa situação de ter maioria e não exercer essa maioria no voto". "Ou fica no governo ou sai do governo", disse Lula aos líderes aliados, segundo relato do líder do PSB na Câmara, Márcio França (SP), um dos presentes ao encontro.

O presidente estava particularmente irritado, de acordo com líderes, com a demora na votação do Orçamento da União de 2008 e da medida provisória que criou a TV Pública. Essa MP está à espera de votação no Senado e perderá a validade se não for aprovada até o dia 21 deste mês. "O presidente estava uma pistola. Estava bravo. E com razão", observou França. "Ele colocou claramente a situação. Teremos de definir nessas votações quem quer e quem não quer ser governo. Se querem espaço terão de votar", acrescentou.

Na avaliação dos aliados, Lula percebe que há corpo mole na base para votar e que apenas a oposição, que é minoria, não conseguiria barrar as votações. "Nós temos número, mas não temos número (na hora de votar)", disse Lula, ainda segundo França. Ele citou que alguns senadores trocaram de partido para ingressar no governo, mas que na hora de votar, não votam.

A líder do governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA), citou o caso do PDT. O partido tem cinco senadores, mas não ajuda na votação. "Vou chamar o (Carlos) Lupi aqui e perguntar se fica ou se não fica no governo", disse Lula, ainda segundo relato de França. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, assumiu o ministério na quota do partido que integra a base.

O ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, disse que o presidente Lula acha estranho o fato de ter maioria no Congresso, mas a minoria acabar conduzindo a pauta de votações. "Nessas horas de dificuldade, é preciso ver quem estará com o governo, deixando de lado problemas pontuais", afirmou Múcio, contando sobre a reunião do Conselho Político.

As reclamações de Lula aos aliados não terminaram na falta de votos favoráveis. O presidente cobrou também defesa do governo no plenário. Lula afirmou que assiste a transmissão da sessão pela TV Senado e só ouve senadores falando mal do governo e nenhum aliado fazendo sua defesa. Na reunião do Conselho Político, Lula mostrou ainda preocupação com as discussões no Congresso do projeto que pretende limitar a edição de medidas provisórias.

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