Lula cobra unidade e divulgação de realizações

Na última reunião ministerial do ano realizada ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou a equipe defender o governo do bombardeio da oposição e cobrou o fim do fogo amigo em 2006.

Em pronunciamento a portas fechadas, no Palácio do Planalto, Lula disse que é preciso unificar o discurso do time para divulgar as "realizações" da sua administração, reverter o desgaste acumulado e não deixar a crise política dominar a agenda no último ano do governo.

"O presidente determinou que cada ministro seja protagonista da defesa do governo nos Estados, que se aproprie do conjunto da obra, e pediu unidade política nesse processo", afirmou o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner. "Temos orgulho daquilo que foi construído e que nos dá energia para enfrentar esse ano de desafio eleitoral", emendou, numa referência à provável candidatura de Lula à reeleição.

Logo depois, indagado sobre a possibilidade de uso da máquina,Wagner se corrigiu: "Quem atravessou oito meses de bombardeio sem usar a caneta não o fará só por causa de um ano eleitoral."

Diante de 33 ministros, o presidente insistiu que é o PT – e não o governo – quem deve responder por seus erros no escândalo do mensalão. Mais: disse que é preciso acabar com as divergências na Esplanada porque 2006 é um ano crucial. A ordem do Planalto é pôr um pacote de "realizações" na rua para se contrapor ao governo de Fernando Henrique Cardoso, um dos principais críticos de Lula nas fileiras do PSDB.

"Todos os números desse governo são muito melhores do que do anterior", garantiu o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes. "Temos a humildade de compreender que mais poderia ter sido feito, mas é possível afirmar com números que o governo Lula teve desempenho muito melhor em todos os segmentos." Questionado sobre o desgaste da administração petista, demonstrado nas últimas pesquisas, Ciro amenizou. "Pesquisa é retrato de um momento", desconversou.

Preparada especialmente para o dia de hoje, uma apresentação visual em "power point", logo na abertura da reunião ministerial, lembrava que o objetivo do encontro era "articular e unificar o governo e o discurso em relação às realizações e as perspectivas para 2006".

Num estilo diferente daquele adotado em outras reuniões de fim de ano, Lula optou por um pronunciamento reservado, sem transmissão pela Radiobrás. Preocupado com a crise, o presidente pediu aos ministros que reajam com informações consistentes aos ataques da oposição. Foi nesse momento que ele cobrou o fim do fogo amigo.

A queda-de-braço por mais recursos para investimentos em 2006 ainda é travada nos bastidores entre Dilma Rousseff (Casa Civil) e Antonio Palocci (Fazenda), defensor do aperto fiscal. Na semana passada, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, engrossou o coro dos descontentes ao dizer que faltam "metas e objetivos" ao governo.

Escalado para fazer um "briefing" da reunião aos jornalistas, ao lado de Wagner, Ciro disse que a divisão na equipe não passa de "intriga da oposição é de setores da imprensa". "Que metade (do governo) defende juro alto?", perguntou. "Todos nós compreendemos que a política econômica é a possível."

Em 11 horas de reunião ministerial – a quarta do ano e a 12.ª do governo Lula -, foi feito um balanço desses três anos de mandato. Os ministros Ciro, Wagner, Furlan, Palocci, Dilma, Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Roberto Rodrigues (Agricultura), Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) foram designados "relatores" do encontro e entregaram a Lula um calhamaço de "realizações" do período.

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