Em reunião com deputados do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou apoio da bancada para a aprovação da reforma tributária e do Orçamento de 2008. O presidente também manifestou preocupação com a ameaça do Congresso de impor restrições às Medidas Provisórias e disse aos petistas que não é possível administrar o País sem esse recurso. Lula afirmou que, sem poder recorrer às MPs, a governabilidade fica prejudicada, já que o ritmo de votação na Câmara e no Senado é muito lento.
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que tem criticado a avalanche de Medidas Provisórias numa queda-de-braço com o Palácio do Planalto, argumentou, porém, que é preciso encontrar uma maneira de não paralisar o Congresso. Se não for apreciada em 45 dias após ser editada pelo governo, uma MP tranca a pauta e impede outras votações.
Os petistas reclamaram da falta de interlocução com o presidente que prometeu novas reuniões com a bancada. O relacionamento entre Lula e o PT piorou nos últimos tempos. Enciumados com a perda de espaço para os aliados – principalmente do PMDB e do PR -, deputados do PT se queixam de "perseguição" nos ministérios e dizem que a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, não atende suas reivindicações.
"Há uma inquietação acumulada, mas a conversa com o presidente foi muito boa", afirmou o líder da bancada do PT, Maurício Rands (PE), que também participou do encontro com Lula, no Palácio do Planalto."Achamos que o partido poderia ter mais espaço na elaboração das políticas públicas, porque tem contribuições a dar, mas não identifico uma crise.
Segundo Rands, Lula pediu atenção especial da bancada petista à votação do Orçamento. "O presidente quer que votemos o Orçamento o mais rápido possível para não atrasar as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)", comentou. Hoje, líderes do governo e do PT na Câmara e no Senado se reúnem com o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, para tratar de outro assunto ainda mais espinhoso: a CPI dos Cartões Corporativos.