Brasília

– Em sua primeira viagem internacional como presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva deu mostras, ontem, do seu potencial de líder da América do Sul, ao participar da posse do presidente do Equador, Lucio Gutiérrez. Mesmo sendo chamado por Gutiérrez de “José Inácio Lula da Silva”, na gafe mais comentada da posse, Lula foi um dos três chefes de Estado mais aplaudidos durante a apresentação dos convidados ilustres, junto com os presidentes Fidel Castro, de Cuba, e Alvaro Uribe, da Colômbia.

O presidente brasileiro não perdeu tempo em colocar em prática seu plano de unir os países sul-americanos em prol do fim dos conflitos na Venezuela. Em entrevista a jornais venezuelanos, Lula afirmou que a posição é de encontrar uma solução “pacífica e tranqüila, que possa contentar sobretudo o povo do país”, que vive uma greve geral há mais 40 dias. Lula lembrou que a Venezuela é importante para o Brasil, tanto do ponto de vista econômico quanto político e cultural, e por isso guarda carinho muito especial pelo país vizinho.

“Nós queremos que a Venezuela encontre seu caminho da forma mais tranqüila e mais pacífica”, ressaltou. “O que queremos, na verdade, é contribuir para que a Venezuela encontre em paz um caminho e que o povo venezuelano seja feliz.” O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, caracterizou como “extraordinária” a iniciativa de Lula de reunir presidentes sul-americanos e o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, César Gaviria, com o objetivo de encontrar uma saída para a crise da Venezuela.

“É extraordinário, porque Lula e o Brasil devem assumir, como já estão fazendo, o papel de protagonistas na liderança da nova América do Sul”, afirmou Chávez.

Questionado sobre uma possível participação dos Estados Unidos no já chamado “Grupo de Países Amigos da Venezuela”, o presidente apenas afirmou que tudo seria conversado com Lula ainda ontem.

Sobre a posse de Gutiérrez, Lula avaliou: “A eleição de Lúcio Gutiérrez para a presidência do Equador significa para o país sul-americano o mesmo que a minha vitória significou para o Brasil”.

Lula lembrou que, assim como aconteceu no Brasil, a escolha de Gutiérrez representa a chegada de um segmento da sociedade equatoriana ao poder, já que o novo presidente foi eleito graças ao apoio dos indígenas.

O brasileiro fez um alerta: “Não podemos esquecer que a nação é composta por outros setores da sociedade e que precisamos fazer política com todos os segmentos da sociedade.”

Também em entrevista à imprensa venezuelana, Lula defendeu o projeto de combate à fome de seu governo, o Fome Zero, que inspirou o novo presidente equatoriano a adotar projeto semelhante.

Lula argumentou que nenhum documento da humanidade aceita que os homens passem fome.

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