Brasília
– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já admite uma ampla reforma ministerial em dezembro para ter o PMDB não apenas em sua base de sustentação no Congresso, mas em um projeto político duradouro que inclui as eleições municipais do ano que vem e em sua própria reeleição em 2006. Foi o que revelou ontem o próprio presidente, em almoço no Palácio do Planalto com o presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), e os líderes do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e na Câmara, Eunício Oliveira (CE).Também participaram do encontro o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante (SP), e o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP). “Eu não teria dificuldade nenhuma de pedir a qualquer de meus ministros que me entregassem uma carta de demissão, mas isto não seria bom para o governo nem para o PMDB neste momento”, disse Lula, ao revelar que as mudanças no primeiro escalão do governo ficarão para dezembro.
É quando ele pretende pedir a todo o ministério que coloque seus cargos à disposição, com o discurso de que é hora de liberar os ministros que serão candidatos a prefeito em 2004. Segundo um dos participantes do almoço, o presidente acrescentou que a reforma viria não só para reacomodar as forças políticas como para dar novo gás ao próprio governo.
Sentado à cabeceira, com o senador Sarney à sua direita e o ministro Dirceu à esquerda, Lula lembrou as dificuldades que teve para emplacar o então senador José Alencar (PL-MG) em sua chapa, no posto de vice, para mostrar que dificuldades não o impedirão de buscar o PMDB como aliado. Contou que a 15 dias do prazo fatal, Dirceu o procurara para dizer que não tinha mais condições de bancar o PL de Alencar na vice. “Então eu banco”, respondeu ele, segundo seu próprio relato, para salientar em seguida que estava certo naquele momento como está agora, em sua disposição de sustentar a parceria com o PMDB.
“O PT tem que entender que somos governo. O que tem que ser feito, será feito”, disse ainda o presidente, revelando que não tem mais ilusão de lua-de-mel com a imprensa. Segundo o presidente, sua assessoria teria enviado três artigos seus para serem publicados em jornais de circulação nacional, mas a imprensa preferiu ceder espaço a um dos petistas da ala radical que mais tem criticado seu governo, o deputado João Batista Araújo (PA), o Babá.
Segundo relato do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, o presidente também insistiu que está disposto a lutar para que a parceria tenha reflexos não só no plenário como na disputa pelas prefeituras. Admitiu que seu PT tem batido muito forte em vários peemedebistas. No caso do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), fez questão de frisar que o PT batera até injustamente.
PT quer grande vitória em 2004
São Paulo
– O êxito do PT nas eleições municipais de 2004 com a ampliação da base de prefeitos do partido em todo o País será a peça-chave para a sustentação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este foi o recado do presidente nacional do PT, José Genoino, aos 27 prefeitos do Fórum Paulista de Prefeitos do PT. “O que está em jogo é o sucesso de Lula. A vitória do PT em 2004 é estratégica para consolidar o governo”, afirmou Genoino, na abertura do encontro, ontem ,em Embu, na Grande São Paulo.Genoino explicou que os prefeitos têm papel crucial nesse projeto. O PT tem hoje 190 prefeitos no País. “A tarefa de viabilizar o governo Lula é tão importante quanto o encontro do Recife, onde foi decidida a candidatura de Lula à Presidência.” Ele também mandou um puxão de orelhas para os radicais do partido. “As pessoas não gostam de famílias que brigam muito”, afirmou, sobre as brigas internas no PT. O presidente estadual do partido, Paulo Frateschi, disse que o PT não quer “antecipar a eleição”, mas defendeu a busca por alianças. “É hora de pensar em alianças, ampliar o leque para 2004. Queremos disputar a hegemonia”, disse. Genoino viajará pelos Estados em busca de uma “relação dinâmica” entre os setores do partido e o governo Lula. O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, acredita que o partido terá condições de ampliar a sua base em 2004. “O momento mais difícil (o início do governo) está sendo cumprido bem. Poderemos ter uma situação favorável no ano que vem”, afirmou.