Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em seu programa de rádio “Café com o Presidente”, que o Brasil precisa ocupar lugar de destaque no cenário internacional, não apenas com o Carnaval e o futebol, mas também com a venda de produtos de alto valor agregado. “Não queremos ficar apenas no agronegócio, exportando produtos in natura. Queremos transformar esses produtos para que a gente possa colocar valor agregado e fazer os nossos produtos ganharem melhores preços, para que tenha mais dinheiro para o Brasil”, afirmou.
No entanto, ontem, o presidente estava na Índia, onde foi o convidado de honra de um desfile em que o país asiático exibiu seus mísseis nucleares, entre outras peças de equipamentos bélicos. Os mísseis Prithvi e Agni – este último apresentado como o “Orgulho da Nação” – têm a capacidade de carregar ogivas nucleares e estiveram entre as principais atrações das comemorações. Lula também viu desfiles de regimentos de soldados montados a camelo -incluindo uma banda militar – e grupos de elefantes indianos, além de danças de crianças por vezes usadas para fazer propaganda de planos do governo local.
O programa do desfile exaltava o poder bélico da nação e dizia que a Índia é “uma verdadeira potência global do novo milênio”. O orçamento da Defesa é de aproximadamente US$ 15 bilhões, o que representa 10% do total reservado para as despesas do país.
Lula assistiu a todo o desfile de um camarote blindado, ao lado do presidente Abdul Kalam e do primeiro-ministro Atal Bijari Vajpayee. A primeira-dama Marisa Letícia também estava lá, mas, seguindo o rígido protocolo, ficou longe do marido. Avisado de que poderiam haver manifestações hostis e até mesmo um atentado, o governo indiano reforçou o esquema de segurança e colocou nas ruas de 45 mil a 60 mil homens. Alheia aos rumores, a multidão prestigiou o desfile. O público foi estimado em 800 mil pessoas.
O Dia da República é uma data sagrada para os indianos. A população fica 24 horas submetida à lei seca. Eles festejam o surgimento da Constituição, em 1950, três anos depois da independência da Índia do domínio inglês. “É a melhor coisa que temos todo ano”, resumiu Col Ak Bhatnagar, um homem de 67 anos no meio da multidão. (leia mais sobre Lula na Índia na página 5)
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