O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), transformou-se no principal articulador político de seu governo na fase de transição. Lula decidiu procurar os dirigentes de todos os partidos, entre eles o deputado José Aníbal (SP), presidente do PSDB, o senador Jorge Bornhausen (SC), presidente do PFL, e o ex-governador Paulo Maluf, presidente do PPB, para propor um pacto pela governabilidade.
Lula não deverá convidá-los formalmente a participar de seu governo, pelo menos em cargos de primeiro escalão. Mas poderá preservar nos segundo e terceiro escalões quadros técnicos pertecentes aos partidos que, pelo menos teoricamente, serão oposição a partir de janeiro. De acordo com o presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), não há ainda data marcada para as conversas, mas elas vão acontecer em breve. Ele também estará presente.
O senador Jorge Bornhausen já disse que conversará com Lula e Dirceu, no caso de ser convidado. Afirmou que sempre foi um defensor do diálogo e não se recusará jamais a falar com o futuro presidente do País. Mas Bornhausen acrescentou que dirá que não só vai ser oposição como vai reivindicar o direito de liderar esse bloco, porque é o maior partido entre os que são adversários de Lula.
Na sua função de articulador, Lula tem encontro amanhã com o senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), com os governadores eleitos do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, e de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, ambos do PMDB, e com os dirigentes da equipe de transição, no escritório do grupo, no Centro Cultural do Banco do Brasil.
Ainda conforme as informações do presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), Lula terá encontros também com outros governadores eleitos, independentemente do partido ao qual pertençam. “Ninguém ficará de fora das conversas”, afirmou Dirceu. O presidente do PT reuniu-se hoje com a Executiva nacional do PMDB. Se houver tempo, amanhã será a vez de Lula encontrar-se com os peemedebistas. Mas o encontro não está certo.
O futuro presidente quer atrair todo o PMDB para seu governo e não apenas um setor do partido, que já é aliado, como o comandado pelos governadores eleitos Luiz Henrique, de Santa Catarina, e Roberto Requião, do Paraná.
Germano Rigotto, que venceu o PT no segundo turno da disputa para o governo gaúcho, pertence à ala independente e já declarou que a ele interessa a governabilidade. Mas Rigotto quer convencer Lula a aceitar a proposta de renegociação da dívida do Estado, o que o PT rejeita, pelo menos no primeiro ano de governo.