Lula: as mudanças não ocorrem no ritmo desejado

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Lula: "Há leis que o presidente
da República tem que cumprir".

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu ontem que a reforma agrária ainda não alcançou o ritmo que seu governo gostaria de impor e atribuiu a demora à lentidão do processo político. Lula disse que as mudanças não são feitas com a rapidez que o governo e a sociedade desejam e lembrou que ele, assim como os sem terra, os empresários e toda a sociedade, estão subordinados à Constituição.

Lula reafirmou seu compromisso com os movimentos sociais, especialmente os sem terra. Disse que o Brasil voltou a crescer de forma robusta e citou que a indústria de São Paulo, por exemplo, cresceu no ano passado como não crescia havia 18 anos. Segundo o presidente, esse crescimento econômico dá ao país mais fôlego para enfrentar seus outros problemas, como a reforma agrária. No ano passado, o governo federal assentou 81.254 famílias, abaixo da meta de assentar 115 mil famílias.

"Todo mundo sabe que nós estamos subordinados a uma Constituição. Há leis que o presidente da República tem que cumprir, que os sem terra têm que cumprir, que o empresário tem que cumprir, que todos nós temos que cumprir. Mas eu acho que as pessoas têm compreensão de que o processo político é lento, as mudanças não são feitas com a rapidez que a gente deseja, mas é importante que a gente esteja com a consciência tranqüila de que as coisas vão acontecendo – afirmou.

Lula disse ainda que, quando se fala de reforma agrária, não se pode pensar apenas no assentamento e lembrou que milhares de pequenos proprietários já têm a terra e precisam de assistência técnica, financiamento para o custeio e garantia de preço. "É isso que nós estamos fazendo, com uma intensidade muito grande", afirmou. Lula disse que tem a mesma visão de antes de ser presidente sobre o mundo real e que precisa governar para todos, e não apenas para quem é mais ou menos companheiro.

"Eu tenho a mesma visão que eu tinha, antes de ser presidente, sobre o mundo real. Quando eu chego no acampamento dos sem terra e vejo centenas de pessoas pobres que estão há dois anos embaixo de um barraco de lona preta e essas pessoas continuam com o mesmo discurso de esperança que tinham dez anos atrás, eu sou obrigado a reconhecer: o presidente da República precisa receber todo mundo, precisa governar para todos, a gente não pode esquecer quem é mais companheiro ou menos companheiro."

O presidente falou de sua aposta na reativação do Projeto Rondon, afirmando que ele vai integrar o Brasil desenvolvido com o não desenvolvido e que leva estudantes de outros centros urbanos para conviverem com as comunidades locais. Lula classificou o projeto como uma grande aula para os estudantes porque eles vão conviver com pessoas que nunca foram a uma cidade grande e aprender muito mais do que ensinar.

Um retorno às origens quando deixar o poder

São Paulo – "Quando terminar meu mandato vou voltar para São Bernardo. Vou ficar a 600 metros do Sindicato dos Metalúrgicos, onde tudo começou na minha vida", disse Lula, em seu programa quinzenal de rádio, o Café com o Presidente. O presidente quer voltar às suas "raízes", não só para retornar ao lugar em que toda sua vida profissional e política começou, como também intensificando sua convivência com os movimentos sociais.

A mesma declaração foi feita na última sexta-feira, durante viagem ao município baiano de Eunápolis, onde visitou um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). "Eu tenho nítido na minha cabeça que eu, quando terminar o meu mandato, vou voltar para São Bernardo. Vou ficar a 600 metros do Sindicato dos Metalúrgicos, onde tudo começou na minha vida. Vou ter convivência com os sem-terra, vou ter convivência com os movimentos sociais que são a base da minha formação política, que são a minha origem", disse.

No programa, Lula diz ainda que "embora esteja presidente" mantém a mesma visão sobre "o mundo real" que tinha antes de assumir o cargo).

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