Ribeirão Preto
– O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem de forma indireta o primeiro nome de seu ministério: Antonio Palocci, prefeito de Ribeirão Preto. Lula disse que “dificilmente Palocci voltará a ser prefeito de Ribeirão Preto”, explicando que não pode abrir mão do auxiliar para governar o Brasil. A visita do futuro presidente a Ribeirão Preto ganhou um sentido político porque expirou ontem o prazo de 90 dias solicitado por Palocci à Câmara de Vereadores para se afastar do cargo e coordenar a campanha de Lula.O objetivo da presença de Lula na cidade era convencer a população a aceitar a renúncia do prefeito, que, durante sua campanha em 2000, assinou um documento em cartório, prometendo que, se eleito, só deixaria o governo de Ribeirão Preto ao final do mandato, em 2004. Palocci estaria temendo, agora, uma repercussão negativa junto ao eleitorado por optar pelo governo federal. Lula não disse qual será o cargo de Palocci, mas informou que ele integrará o primeiro escalão do governo. “Posso garantir que Palocci dificilmente voltará a ser prefeito de Ribeirão Preto”, enfatizou Lula.
Segundo especulações em Brasília, Antonio Palocci estaria sendo cotado para o Ministério do Planejamento ou da Fazenda. Palocci afirmou que, se recebesse um convite de Lula para ser ministro, negaria porque quer se prefeito de Ribeirão Preto. “Mas se ele me convocar para ser ministro, para estar ao seu lado para ajudar a governar o Brasil, não posso recusar uma convocação do presidente da República”, disse o prefeito de Ribeirão Preto. Palocci pediu alguns dias para dar uma resposta a Lula. “Preciso conversar com as pessoas da minha cidade”, disse.
Lula participou da inauguração de uma estação de tratamento de esgoto juntamente com o prefeito. Palocci reassumiu seu mandato ontem, após o término de sua licença de 90 dias. Ele não pode pedir novo afastamento, mas a Lei Orgânica municipal faculta ao prefeito ausência por um período de até 15 dias. O cargo dele no governo Lula deverá ser informado nesse período. Possivelmente, ele assumirá um ministério da área econômica ou política no governo Lula.
Caso opte pela ausência, Palocci poderá continuar acumulando os cargos de prefeito e de coordenador da equipe de transição até o anúncio da composição do ministério do novo presidente.
Enquanto isso, o governador de Minas comentou o convite oficial feito pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, para integrar o futuro governo. Cogita-se que Itamar possa aceitar um cargo diplomático, como a Embaixada do Brasil na Itália. Mas interlocutores próximos dele aventaram a possibilidade de o governador ocupar o Ministério de Minas e Energia ou algum cargo ligado à pasta.
Sem negar qualquer possibilidade, Itamar disse que tal especulação se deve, provavelmente, à formação na área de Engenharia Eletroeletrônica e Civil, e, ainda, à experiência e conhecimento em energia nuclear. Itamar disse que o governo mineiro, durante o mandato dele, atuou “em defesa de uma política nacional de energia e das águas”. Itamar ressaltou, no entanto, que “a definição e indicação de cargos pertencem a Lula”.