Buenos Aires – O coordenador-geral da equipe de transição do governo eleito, Antônio Palocci Filho, confirmou, em reunião com a bancada do PT no Senado, que os sete nomes para compor a nova diretoria do Banco Central (BC) – presidente e seis diretores – serão anunciados amanhã.
Os nomes, a serem propostos pelo partido, serão encaminhados à Casa pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. A informação foi prestada pelo senador Roberto Saturnino Braga (PT-RJ), que participou da reunião. Braga informou também que a bancada da legenda está preparada para trabalhar com as demais siglas no Legislativo com o objetivo de sabatinar os indicados para o BC no dia 10, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), e, no dia 11, ratificar a indicação desses nomes pelo plenário do Senado.
Fraga
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, deverá ser mantido no cargo temporariamente por alguns meses caso o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva não consiga encontrar um nome para substituí-lo até quinta-feira. A revelação foi feita durante a reunião entre autoridades argentinas e integrantes da comitiva de Lula, ontem, na Argentina. – Lula quer escolher o presidente do Banco Central com calma – afirmou um dirigente do PT.
O presidente eleito considera o cargo extremamente delicado e não quer se arriscar a nomear uma pessoa em quem não tenha absoluta confiança. – Não podemos errar na escolha pois, se não funcionar, a simples troca do presidente do BC pode desestabilizar a economia e gerar insegurança no mercado – disse uma fonte petista. Por isso, se não conseguir fechar um nome até quinta-feira, Lula deverá anunciar todo o Ministério, menos o presidente do BC. O presidente eleito não quer criar instabilidades no início do mandato. E ao manter Fraga, considerado técnico competente e homem de extrema confiança do mercado, estará dando mais um sinal de cautela e despreendimento político.
– Mas o presidente vai deixar claro que a manutenção de Armínio será apenas temporária, por no máximo uns dois ou três meses, só até encontrar alguém que se adeque melhor à filosofia econômica do futuro governo.
Pelo menos três nomes foram consultados pela equipe do PT para presidir o BC. O ex-diretor do BC, José Júlio Senna, o diretor do Banco Itaú, Sérgio Werlang e o diretor do Banco Icatu, Pedro Bodin, o mais cotado de todos. Os três têm se recusado por temerem o desgaste natural da função e a possibilidade de virem a responder processos judiciais no futuro.