Com a escolha de Humberto Costa, médico, coordenador da área de saúde na transição e vereador pelo PT do Recife, licenciado, o partido optou por uma solução caseira para o Ministério da Saúde, que chegou a ter o deputado José Aristodemo Pinotti, do PMDB, cotado para ocupá-lo. Cristovam Buarque, senador eleito (PT-DF), era cotado para a Educação há muito tempo, bem como o deputado federal Jaques Wagner (PT-BA) era para o Trabalho.
Lula afirmou que “foi difícil convencer Buarque a aceitar o cargo, porque ele foi eleito senador.” “Nessa primeira fase não só o governo, mas o Brasil vai precisar da experiência dele”, afirmou o presidente eleito.
Jaques Wagner, segundo Lula, continua ligado ao movimento sindical na Bahia, o que faria dele um bom nome para a pasta. “Tenho certeza de que nenhuma central sindical terá qualquer problema com o Wagner. Ele sabe tratar todos com igualdade”, disse Lula.
Anúncio final
Sem a participação do PMDB, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva finaliza o anúncio de sua equipe ministerial na segunda-feira. Lideranças petistas que acompanharam o anúncio disseram que a falta de acordo com o PMDB facilitou o fechamento da equipe ministerial. No entanto, sem o acordo, tudo volta ao que era antes na lista de futuras indicações do presidente eleito.
Segundo lideranças do PT, o deputado Ricardo Brezoini (PT-SP) deve entrar na lista de nomeações de segunda-feira, sendo indicado para o Ministério da Previdência. O PC do B deve ficar com o Ministério dos Esportes. O nome mais provável para assumir a pasta é Agnelo Queiroz Já a pasta de Turismo deveria ficar com o PL, cuja indicação de nome ainda não foi concluída. Para o BNDES, poderá ser indicado o reitor da UFRJ, Carlos Lessa, que se desfiliou do PMDB. A principal dúvida ainda é a definição do futuro ministro do Planejamento, que, segundo lideranças petistas, deverá ser ocupando pelo professor da Unicamp, Luciano Coutinho.
Buarque vai trabalhar para valorizar a educação
Após ter seu nome anunciado para o Ministério da Educação, Cristovam Buarque disse que pretende fazer uma gestão de valorização da educação. Segundo ele, é preciso tomar medidas para que o brasileiro “possa sentir, pensar, cobrar a educação como cobra o futebol.” Ele prometeu ações que possibilitem criar uma “mania por educação”, aumentar o orgulho pelo serviço oferecido e olhar “com carinho” para as universidades.
Buarque, no entanto, não apresentou qualquer política detalhada para aumentar o prestígio do setor. Após a apresentação de seu nome, Buarque descartou a criação de um ministério ou secretaria para cuidar especificamente das universidades. De acordo com o futuro ministro, houve muita resistência dentro das universidades à idéia. “Está fora de questão, fora de pauta e fora da agenda a criação de um Ministério da Universidade”, afirmou.
Em seu discurso, Buarque afirmou que irá procurar recursos dentro do ministério antes de pensar em recorrer ao futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para ter mais verbas para aplicar suas propostas.
Humberto Costa elogia a gestão de José Serra
O futuro ministro da Saúde, Humberto Costa, elogiou a gestão de seu antecessor e adversário de Lula no segundo turno, José Serra (PSDB), no combate à Aids e pela criação dos genéricos.
“Existem ações que deram destaque internacional ao Brasil, como as políticas de combate a DST/Aids e os genéricos, que reduziu o preço dos remédios, que devem ser mantidas”, afirmou. Costa também citou o programa Saúde da Família, desenvolvido no período em que Serra esteve à frente do ministério. Para todas essas políticas, Costa disse que pretende “ampliá-las e melhorá-las” durante sua gestão.”Minha gestão buscará ampliação do acesso à saúde, ao programa Saúde da Família, melhorar a qualidade do atendimento, aumentar a política de acesso farmacêutico e cuidar da saúde bucal, que é um pedido do Lula”, afirmou.
de acordo com o futuro ministro, sua indicação para o cargo significa que Lula “está pensando o Brasil como um todo”, pelo fato de Costa ser pernambucano, e representa “uma geração que sonhou com uma reforma sanitária no Brasil.”