Foto: João de Noronha/O Estado |
Presidente ainda não autorizou. continua após a publicidade |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar a candidatura à reeleição até o fim de fevereiro. Foi o que deixou escapar o chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Jaques Wagner, ao falar por telefone, de Brasília, na manhã de ontem, para a Rádio Metrópole, de Salvador. Segundo Wagner, Lula tem conversado sobre a reeleição com ele e o autorizou a tratar do assunto com os partidos da base aliada.
Embora o presidente não tenha concedido autorização para o anúncio oficial da candidatura, Wagner a tem como certa. "Eu diria que há um consenso dentro do PT e da base aliada em torno da candidatura dele, até porque é uma candidatura fortíssima e competitiva", disse, anunciando também a própria candidatura a governador da Bahia pelo PT. "É vontade dele (Lula) ter uma candidatura forte num estado tão importante como a Bahia." O chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República também seria um consenso para a legenda na Bahia.
Enquanto Wagner especulava sobre a candidatura do presidente, ele, a primeira-dama, Marisa Letícia Lula da Silva, e o filho Luiz Cláudio Lula da Silva, chegavam à Base Naval de Aratu (BA), a 40 quilômetros da capital baiana, para iniciar o descanso de quatro dias. Na Base Naval, existem casas de veraneio na Praia de Inema, usadas pela Marinha para hospedar oficiais, familiares e amigos. A praia é isolada, por um muro de alvenaria, da Praia de São Tomé de Paripe, muito freqüentada pelos moradores do subúrbio ferroviário da capital.
A presença de Lula no local deixou os barraqueiros e freqüentadores da Praia de São Tomé na expectativa de ver o visitante ilustre, mas, apesar do dia ensolarado, ele não arriscou o banho de mar, pelo menos numa área próxima à parede, de forma que pudesse ser visto por populares.
Um grupo de trabalhadores siderúrgicos foi o que mais festejou a presença de Lula em Salvador. Dizendo-se da "mesma origem" que o presidente, o operador Carlos Alberto Fraga afirmou que teve a idéia de organizar a festa de confraternização de fim de ano dos colegas da Usina Siderúrgica da Bahia na barraca de praia mais próxima da proteção da base assim que soube da presença dele no estado. "Vamos festejar o presidente, pois é um cara que ralou muito até chegar lá", disse afirmando ter reservado uma garrafa de conhaque Domecq para oferecer a ele. "Se ele não sair, a gente vai lá buscar na raça para ele tomar uma", brincou.
Apesar de manifestar a satisfação com o fato de um metalúrgico ter chegado ao governo, Fraga se disse decepcionado com a gestão do "companheiro". "Ele poderia ter feito mais, esqueceu as raízes, deixou-se levar por empresários e acredito que não vá se reeleger.?
Suspense
Em queda nas pesquisas e acossado pela crise política que estremeceu o seu governo a partir do começo do ano passado, o presidente Lula mantém o suspense sobre sua possível candidatura à reeleição. Em entrevista a rádios, em novembro do ano passado, no entanto, ele cometeu um ato falho. Chegou a dizer que era candidato à reeleição: "Vou, sim, disputar as eleições". Mas voltou atrás: "Cometi um lapso".
Um mês depois, Lula admitiu, pela primeira vez, a possibilidade de o PT ter outro candidato à Presidência. Ao lado do colega da Venezuela, Hugo Chávez, ele afirmou que, se for candidato, "é para ganhar outra vez". E completou: "Se decidir não ser, iremos escolher um companheiro para ganhar".
Na última reunião ministerial do ano, no entanto, os participantes deixaram o Palácio do Planalto com a sensação de que o presidente já está decidido a disputar a reeleição, apesar de ele ter deixado em aberto a questão. Segundo ministros, a disposição de Lula ficou clara no discurso em que pediu unidade da equipe, o fim das divergências públicas, esforço para defender o governo e confiança no crescimento do país em 2006.