Foto: Aílton Santos/Jornal Hoje |
Objetivo é endurecer o combate ao crime organizado. continua após a publicidade |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem modificar a legislação penal como uma forma de endurecer o combate ao crime organizado. Ao ser perguntado sobre a necessidade de mudar as leis, Lula disse a jornalistas: ?Temos que discutir, se for o caso, mudança na legislação. Não podemos permitir que alguém possa entrar no ônibus e tocar fogo para as pessoas morrerem. Você não pode tratar como crime comum gestos como aqueles que ocorreram em São Paulo e no Rio?.
Na véspera, em discurso durante a posse, o presidente classificou como terrorismo a onda de violência que vem atingindo o Rio de Janeiro nos últimos dias, onde cerca de 35 atentados contra ônibus e alvos militares deixaram 18 mortos e mais de 25 feridos.
Na segunda-feira, durante a posse presidencial, Lula fez referência no discurso aos atentados no Rio de Janeiro e anunciou que a resposta a esse tipo de violência só pode ser ?a mão forte do Estado?. Ele qualificou os atentados de ?prática terrorista mais violenta que já houve neste país?. A recente onda de atentados no Rio por integrantes de organizações criminosas mataram 19 pessoas e feriram dezenas de outras.
Segundo o presidente, o que aconteceu no Rio de Janeiro na semana passada é resultado de um ?processo de degradação da vida? no Brasil.
Ele disse que não é o caso de se ficar culpando pela violência os governos federal, estaduais ou municipais e deu a entender que a responsabilidade pelo problema pode ser encontrada também na própria sociedade. ?Há problemas que precisam ser resolvidos a partir da nossa casa?, disse Lula. ?A família tem que ser a base da sociedade pujante que queremos criar. Se dentro da família não se entenderem, tudo ficará mais difícil, e não será a política que vai resolver.?
A violência que cresce no Brasil é resultado, segundo o presidente, de ?erros históricos acumulados por toda a sociedade brasileira, que precisa ajudar o estado a encontrar uma solução definitiva?. Lula disse não acreditar que exista, no Brasil, uma única pessoa capaz de compactuar com a ?barbaridade que foi feita por alguns facínoras? no Rio de Janeiro.
Mencionando a presença, no Palácio do Planalto, naquele momento, do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), Lula anunciou que vai discutir com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, medidas a serem adotadas em relação à violência no estado.