O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu neste sábado (10) que houve um erro na condução das negociações do governo com o PSDB a respeito da prorrogação da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF).

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Na avaliação dele, a negociação se deu por intermédio da imprensa, o que criou "ciumeiras internas" e "debates desnecessários" que acabaram atrapalhando os entendimentos. "O bom acordo é o que se faz em silêncio e depois anuncia o resultado dele da forma consagradora", disse.

Nos bastidores do Planalto, corre a avaliação de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi inábil na condução das negociações. O ponto alto foi a entrevista que ele concedeu para explicar a proposta de dedução da CPMF do Imposto de Renda.

Diante dos jornalistas, ele e o secretário da Receita Federal do Brasil, Jorge Rachid, deram explicações diferentes para o mecanismo, deixando patente o desentrosamento da equipe.

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Nos últimos dias, estabeleceu-se entre governo e oposição aquilo que os políticos chamam de "negociação pela imprensa". Nela, em vez de dialogar diretamente, os dois lados "conversam" por intermédio do noticiário.

"Eu nunca acreditei na minha vida em qualquer acordo que você faça pela imprensa", disse Lula. "Desde 75, quando eu negociava como presidente de sindicato, se uma notícia saísse antes da negociação, a negociação estaria atrapalhada.

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No caso da CPMF, a tentativa de entendimento com o PSDB deu em nada. Na semana passada, os tucanos rejeitaram o pacote proposto pelo governo, no qual a contribuição seria prorrogada, mas compensada com outras formas de redução da carga tributária.

Esta semana, o presidente Lula deve se encontrar com o presidente do PSDB, Tasso Jereissatti, para uma nova tentativa. "Ainda acredito nas conversas com o PSDB, temos algum tempo ainda, de forma que eu estou tranqüilo com a votação da CPMF", comentou Lula.

Ele explicou que o governo tem maioria para votar a prorrogação, mas quer construir uma "relação diferenciada" com os tucanos. "Tivemos uma relação histórica com o PSDB. Quanto ninguém era PSDB, ninguém era PT, todo mundo era amigo.

Ao mesmo tempo, o presidente manteve aberta a possibilidade de o Congresso rejeitar a prorrogação do tributo. "Quem perde é o Brasil, não é o presidente Lula", afirmou. "Pode ficar certo que vamos arrumar R$ 40 bilhões porque vamos tirar R$ 40 bilhões de algum lugar." Pela legislação atual, a CPMF só será cobrada até o dia 31 de dezembro próximo.