Brasília  – Está quase fechado o ministério a ser anunciado pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, restando apenas algumas negociações específicas para acomodar os partidos aliados.

Lula conclui hoje as conversas para a montagem da equipe, mas não há mais prazo para que os nomes sejam divulgados. A idéia inicial era anunciar o conjunto de ministros amanhã, antes da viagem que ele fará para os Estados Unidos.

Lula, segundo fontes do partido, não deseja dar uma conotação partidária ao anúncio do gabinete com o qual pretende trabalhar a partir de 1.º de janeiro. Com relação ao Banco Central (BC), ele trabalha no sentido de indicar toda a diretoria. Mantém, no entanto, uma postura “de tranqüilidade” para, se necessário, revelar apenas o nome do novo presidente do BC e principais direções, como a de Política Monetária.

Segundo um dirigente da legenda, Lula negociou com o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e com o presidente do Congresso, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), o encaminhamento dos nomes do comando do BC. Caso o presidente eleito anuncie primeiro os nomes da instituição financeira, a mensagem de indicação deverá ser encaminhada ao Senado na segunda-feira (9). Sendo assim, os novos diretores seriam sabatinados terça (10) ou quarta-feira (11) e submetidos à aprovação pelo plenário da Casa no dia 12.

Esta agenda, no entanto, pode mudar, segundo o mesmo dirigente da sigla. O nome do economista e presidente do Banco Icatu, Pedro Bodin, não está totalmente descartado. “Ele não recusou”, disse a mesma fonte, afirmando que Bodin foi sondado por um integrante importante da agremiação. Hoje, pela manhã, ao chegar a Brasília, Lula reuniu-se com o presidente do BC, Armínio Fraga, numa sala especial no aeroporto para conversar sobre a sucessão na instituição e trocar idéias sobre o cenário econômico, que dá novos sinais de instabilidade, diante da indefinição dos nomes para a diretoria do BC.

A intenção do presidente, segundo o dirigente do PT, é desfazer um eventual mal-estar e constrangimento diante das especulações de que Fraga poderia permanecer no cargo até que o partido definisse o substituto. Nessa conversa, Lula examinou com Fraga a possibilidade de alguns diretores ou substitutos imediatos permanecerem no cargo, no caso de o governo eleito não concluir a tempo a escolha de nomes para toda a diretoria.

Ontem, o coordenador-adjunto da transição, Luiz Gushiken, reuniu os técnicos de sua equipe para explicar o processo de preenchimento de cargos na futura administração. Ele também discutiu a elaboração dos relatórios a respeito do atual governo, que devem ficar prontos até o final do mês. Ele pediu que cada relatório setorial fosse revisto e contivesse um sumário, para facilitar a consolidação no documento final que será entregue ao Lula.

Servidor será prestigiado

Brasília

(AE) – O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, poderá valer-se dos funcionários de carreira dos bancos federais na escolha dos novos presidentes e diretorias dos Bancos Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Brasil (BB) e da Caixa Econômica Federal (CEF). Esse critério poderá também ser estendido à Receita Federal, que segundo um dos dirigentes do PT tem servidores qualificados para exercer até mesmo o cargo de secretário. Segundo essa mesma fonte, o eventual aproveitamento de funcionários de carreira das instituições financeiras federais não significa que o governo eleito queira privilegiar as corporações que existem nessas empresas. Ele citou como exemplo o caso do chefe da Casa Civil, Pedro Parente, que é um “excelente quadro do Banco Central (BC)”.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pode e deve anunciar o ministério antes de embarcar para os Estados Unidos, na segunda-feira. A informação foi dada por seu assessor de imprensa, Ricardo Kotscho, ainda no Aeroporto de Brasília. Lula esteve reunido por uma hora e meia com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, para conversarem sobre a situação do país. Também participaram do encontro o coordenador da equipe de transição, Antonio Palocci; o presidente nacional do PT, José Dirceu; e Marco Aurélio Garcia, do diretório nacional do PT.

– O presidente eleito já falou reiteradas vezes que vai mudar o presidente do Banco Central – disse Kotscho. Perguntado se Lula entregaria ontem ao presidente Fernando Henrique Cardoso o nome do novo presidente do BC, Kotscho afirmou não ter essa informação.O encontro com Armínio Fraga foi pedido por Palocci.

Ainda ontem, Lula almoçou com os petistas Aloizio Mercadante, José Dirceu, Antonio Palocci e Marco Aurélio Garcia.

PSB decide não participar

Brasília

(AG) – O presidente nacional do PSB e deputado federal eleito, Miguel Arraes (PE), descartou ontem a possibilidade de participar do governo do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Arraes disse que mantém sua posição mesmo que Lula faça um apelo para que ele assuma um ministério. – Não, não, eu não aceitaria. Há outros nomes. Perguntado sobre quais seriam esses nomes, ele desconversou. – Você quer que eu cite dois ou três nomes e os outros liguem cobrando – brincou. As declarações de Arraes foram dadas após encontro com Lula, na Granja do Torto, em Brasília. Esta foi a segunda vez que Lula se reuniu com Arraes.

Miguel Arraes rebateu as críticas à decisão da direção nacional do partido de intervir nos diretórios do Ceará e de Goiás. A medida foi tomada ontem, na reunião do diretório nacional.

 Encontro com PT é cancelado

São Paulo  – A reunião entre o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, e a Executiva Nacional do PT, que ocorreria hoje durante a qual o petista poderia comunicar aos dirigentes os nomes que comporão o ministério, foi adiada, confirmou o secretário nacional de Organização do partido, Sílvio Pereira. De acordo com a assessoria da presidência nacional da legenda, o adiamento deu-se por causa da impossibilidade de mobilizar todos os integrantes da comissão executiva na véspera do encontro do diretório nacional, que escolherá o novo presidente nacional da sigla.

A reunião de Lula com os integrantes da executiva havia sido anunciada anteontem pelo assessor de agenda dele, Gilberto Carvalho, e confirmada pelo jornalista e cientista político, André Singer, porta-voz do presidente eleito.

continua após a publicidade

continua após a publicidade