O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acelera as negociações com o PMDB com o objetivo de formar uma coalizão para o segundo mandato. Na tarde da próxima segunda-feira, Lula receberá de 16 a 20 presidentes regionais do partido, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador José Sarney (PMDB-AP) e outros parlamentares – que anunciarão a formação do Movimento Pró-Lula, de apoio oficial à reeleição.
O Palácio da Alvorada foi escolhido para abrigar o encontro porque é lá que o presidente mora, o que se ajusta à Lei Eleitoral, que proíbe em tempos de campanha reunião política em prédios públicos. A assessoria de Lula chegou a planejar o encontro para a Granja do Torto, mas desistiu para evitar encrencas com a Justiça e inevitáveis ações dos partidos de oposição.
Na reunião com os peemedebistas, o presidente vai anunciar que, se reeleito, convidará o partido a fazer parte de uma coalizão para a governabilidade. E que não vai repetir a fórmula usada no seu primeiro governo – batizada de ?horizontalidade?, segundo a qual o ministro era de um partido e o secretário-executivo de outro, de forma que ambos se vigiavam e a produtividade caía. Isso aconteceu principalmente nos ministérios entregues aos partidos aliados, como Transportes e Comunicações. ?Quando cada um rema para um lado, a tendência é o barco não ir para lugar nenhum?, comparou o líder do governo no Senado o peemedebista Romero Jucá (RR).
Outro que está muito contente com o PMDB num possível futuro governo de Lula é o senador José Sarney. ?A princípio devemos ter o encontro na segunda que vem, anunciar que vamos votar no presidente Lula e pedir votos para ele. É possível até que surja um documento oficial de apoio à reeleição depois do encontro e de compromisso do PMDB com a campanha?, disse Sarney. Ele acha que até o ano que vem todo o PMDB estará unido para seguir junto com Lula.
Ele lembrou que são poucos os estados em que o PMDB não estará ao lado do PT. Enumerou Santa Catarina e o Distrito Federal. Disse que no Rio Grande do Sul o governador Germano Rigotto ficará neutro. E que no Paraná Roberto Requião votará em Lula. ?Em São Paulo também não há possibilidade de Orestes Quércia votar em Alckmin. Ficará com Lula?, afirmou Sarney.
Anatel também será peemedebista
Brasília (AE) – Depois de nomear a diretoria dos Correios, o PMDB, que na segunda-feira lança o Movimento Pró-Lula, deve fechar ainda nesta semana a indicação do presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O nome mais cotado é o do engenheiro César Rômulo Silveira, que é diretor-executivo da Telebrasil, uma associação do setor de telecomunicações. Também está sendo avaliado pela cúpula do partido o nome do engenheiro Ambire Gluck Paul. O governo corre contra o tempo porque precisa nomear um presidente mesmo que interino, para que a Anatel possa aplicar a redução de cerca de 0,5% nas tarifas da telefonia, que será a primeira desde a privatização do setor.
Silveira Neto foi chamado na última terça-feira a Brasília pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, para uma conversa sobre a possibilidade de assumir o comando da Anatel. A decisão, no entanto, é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir das negociações com o PMDB.