A eleição de Luizianne Lins em Fortaleza significa uma vitória da ala esquerda do PT, representada pela facção Democracia Socialista (DS), e o fortalecimento do partido no Nordeste. Apesar de ser da ala radical, ela diz que pretende fazer um governo plural e aproveitar os melhores quadros da cidade, sem transformar a Prefeitura em aparelho partidário.
Ao mesmo tempo, já anunciou a criação de uma frente com os prefeitos reeleitos de Recife (João Paulo) e Aracaju (Marcelo Deda), ambos do PT, para estabelecer uma agenda comum junto ao governo federal. Com a derrota de Marta Suplicy, em São Paulo, e de Raul Pont, em Porto Alegre, eles querem deslocar o eixo do partido para o Nordeste.
Para que essa estratégia dê certo, o trio precisa de sucesso administrativo e estar unido. Portanto, os primeiros dois anos de governo de Luizianne serão decisivos. Se passar no teste, ela terá força política para influir nas eleições de 2006, mesmo não tendo hoje maioria no diretório estadual. Com a surpreendente vitória do PT, o quadro político-eleitoral cearense ficou zerado e as principais lideranças estão com destino indefinido, sobretudo os partidários do ministro Ciro Gomes, da Integração Nacional. À exceção da senadora Patrícia Saboia (PPS), os demais aliados de Ciro não se engajaram na campanha de Luizianne, apesar do apoio formal no segundo turno.