Luiz Gushiken irrita Lula e está deixando o governo

Arquivo / O Estado

Luiz Gushiken: se confirmar saída,
será o segundo ministro
petista abatido pela crise.

Brasília – O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo, o petista Luiz Gushiken, decidiu deixar o governo. Ele conversou anteontem sobre o assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e comunicou que sairá. Em encontro na Granja do Torto, o presidente não fez nenhuma menção de demovê-lo.

O presidente Lula ficou irritado com a revelação de que a revista do cunhado do ministro recebe verbas publicitárias crescentes de empresas públicas e também com a de que a empresa de consultoria Globalprev, da qual Gushiken era dono, teve seu faturamento aumentado em 600% no governo atual. Gushiken comentou com colegas de Ministério que pode deixar o cargo ainda hoje. Alguns interlocutores ficaram com a impressão de que sairia anteontem mesmo. Será o segundo ministro a cair na crise que também já derrubou José Dirceu, homem forte do primeiro ano do governo Lula, da Casa Civil.

Na terça-feira, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) dissera que um dos próximos escândalos a estourar seria nos fundos de pensão, setor muito ligado a Gushiken. Ele indicou dirigentes de pelo menos dois grandes fundos de pensão de estatais, Petros (da Petrobras) e Previ (dos funcionários do Banco do Brasil). Ele é amigo de Lula há muitos anos e foi um dos seus mais influentes conselheiros nos dois primeiros anos de mandato.

Já de volta à planície, também se complica a situação do deputado José Dirceu. Em seu depoimento anteontem na CPI dos Correios, o publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do suposto mensalão do PT, revelou ter participado do encontro de diretores do BMG com o então chefe da Casa Civil, José Dirceu, no início de 2003, no Palácio do Planalto. Em nota divulgada anteontem, Dirceu confirmara a reunião, um dia depois de jornais noticiarem que assessores do Planalto tinham admitido o encontro. Na nota Dirceu omitiu, porém, a presença na reunião de Valério, avalista do empréstimo de R$ 2,4 milhões do BMG para o PT.

Na CPI, Valério alegou que apenas acompanhou o grupo do BMG: "Não levei o pessoal, apenas acompanhei na visita ao José Dirceu. Foram convidá-lo para a inauguração de uma fábrica de produto alimentício em Luziânia (GO)".

Para conceder o empréstimo ao PT, o BMG teria exigido um encontro com Dirceu. O empréstimo de mais de R$ 2 milhões foi feito em 17 de fevereiro de 2003. Valério não informou a data do encontro de diretores do BMG com o chefe da Casa Civil.

Na nota, Dirceu confirmou ter recebido o presidente da Brasfrigo, Flávio Guimarães, empresa do Grupo BMG. O deputado disse que atendeu a seu convite e foi à inauguração da nova fábrica do grupo, em Luziânia, em 9 de maio de 2003. Dirceu afirmou que encontros como o que teve com dirigentes do BMG são normais e negou ter participado de decisões internas do PT quando era ministro. 

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