O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), pré-candidato a presidente, cobrou ontem do partido unidade na definição dos candidatos para as eleições. Serra encontrou-se com cerca de 200 prefeitos tucanos do Estado, no Hotel Crowne Plaza. Diante da platéia, formada, majoritariamente, por aliados políticos do governador Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato a presidente, e com a presença do governador, Serra deu um "puxão de orelhas" nos prefeitos, ao dizer que divergências partidárias não deveriam ser tratadas publicamente, pelo noticiário.
São Paulo – "Divergências internas devem ser tratadas internamente, não em jornais e em notinhas publicadas nos jornais", afirmou. Segundo ele, a publicidade das disputas internas dará munição aos adversários dos tucanos, enfraquecendo a legenda para a eleição. "Vamos resolver tudo internamente para estarmos unidos na batalha para o lado de fora", argumentou. Serra deixou o local pouco depois do discurso, justificando que participaria de um evento programado anteriormente pela Prefeitura, mas anunciou que a amizade com Alckmin está mantida, apesar da disputa pela indicação do partido para encabeçar a chapa majoritária do pleito.
"Eu e Alckmin continuamos tão amigos quanto sempre, se alguém tiver alguma dúvida disso." Ainda durante a fala, o prefeito de São Paulo admitiu que a sigla não conta, até o momento, com nomes bem posicionados nas pesquisas para disputar o governo de São Paulo. Serra minimizou, entretanto, esse fato, ao alegar que, no Estado, os tucanos administram 30% das administrações municipais, mais de 50% da população e que têm condições de forjar um candidato com condições de vitória. "O PSDB tem cacife enorme para as eleições. Com organização e um exemplo de administração estadual, de (governador Mário) Covas e Alckmin, vamos devolver o Brasil ao rumo perdido nas eleições de 2002", opinou.
Sou macho
O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), assegurou ontem em Brasília que não haverá disputa entre o governador Geraldo Alckmin e o prefeito José Serra na convenção do partido que escolherá o candidato à sucessão presidencial. "Não vai ter disputa, porque não vou deixar", disse. "Eu sou macho", brincou o senador. Para Jereissati, não é da tradição do PSDB disputar cargos em convenção e, seguramente, haverá consenso na escolha do candidato para as eleições de outubro.
Tasso disse que não está preocupado com nomes e que, na sua avaliação, estaria havendo exagero na discussão devido ao fato de tanto Alckmin quanto Serra terem seus grupos de apoio. "Mas não vai ter briga", garantiu. A mesma posição foi manifestada pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), que participou, na noite de segunda-feira, de uma reunião do partido no Rio de Janeiro, que teve a presença de Tasso, do governador de Minas, Aécio Neves, e do secretário geral do PSDB, deputado Eduardo Paes (RJ). "Não há hipótese de racha", afirmou Virgílio.
Os tucanos tentaram reduzir o peso do encontro, afirmando que não houve decisão e que as conversas estão em curso, dentro e fora do PSDB. "Foi uma reunião trivial", minimizou Virgílio, para quem o PSDB vai escolher o candidato que reúne "todos os fatores importantes para o partido e para os aliados fora do PSDB". O próprio Tasso tomou a iniciativa de procurar hoje o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), com quem se reuniu no início da tarde, juntamente com outros líderes dos dois partidos. PSDB e PFL atuam em sintonia no Congresso e manter esse clima de entendimento seria fundamental para um futuro acordo eleitoral.
Os tucanos e pefelistas decidiram montar uma estratégia comum para conduzir as CPIs dos Correios e dos Bingos durante a convocação extraordinária e para a votação da emenda que trata da verticalização, regra que obriga os partidos políticos a reproduzirem nos estados as coligações para a eleição presidencial. O PFL quer derrubar a verticalização para fazer as alianças de seu interesse nos Estados e o PSDB quer manter a regra, bem como o PT.
"Se Serra for o candidato, vou trabalhar"
São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato a presidente, assumiu ontem o compromisso de ser "o primeiro a erguer a bandeira e trabalhar" para a candidatura tucana, caso seja preterido e a opção do partido recaia sobre o prefeito da capital paulista, José Serra (PSDB), ou o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), pré-candidatos a presidente. A afirmação do governador foi feita no encontro de prefeitos tucanos.
"Se o prefeito Serra for o candidato, vou trabalhar, usar meu prestígio e minha influência para a campanha dele, como trabalhei, aliás, na campanha pela Prefeitura da maior cidade do País e que o PSDB nunca tinha ganho", disse, admitindo, assim, a possibilidade de não ser o candidato da legenda. Depois de reiterar a fidelidade partidária, Alckmin voltou-se para a platéia, composta na maioria de aliados políticos dele, para dizer que, "com a mesma franqueza", pretende disputar a eleição presidencial. Neste instante, foi interrompido por aplausos, alguns deles de prefeitos em pé. "Sou o soldado Alckmin, que se apresenta para apoiar o PSDB", repetiu.